O decreto que prorrogou as regras em vigor contra a transmissão da Covid-19 em Santa Catarina aceita como fato irreversível que milhares morrerão às vésperas de tomar a vacina. Será esse o resultado prático da decisão de não frear a transmissão da doença agora, quando os gráficos apontam para cima outra vez e ainda existem pessoas aguardando leito de UTI.
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Diferente das outras ondas, agora a perspectiva de imunização coletiva é real, tem data marcada. Segundo o governo, até novembro todos os maiores de 18 anos receberão a primeira dose. Isso faz com que a política frouxa de distanciamento social adotada em pleno inverno, que permite, entre outras liberdades insalubres, eventos sociais com até 100 pessoas em casas noturnas, “encomende” mortes e sequelas absolutamente evitáveis. Não se pode perder de vista que, a cada 200 pacientes diagnosticados em Santa Catarina, três sucumbem à doença. E são 3,5 mil casos novos por dia.
Desde 2020, parte da sociedade reagiu às medidas restritivas de circulação de pessoas porque não enxergava luz no fim do túnel da pandemia. Sem vacinação, cada restrição em benefício da saúde, mas com prejuízo imediato à economia, era vista como enxugar gelo. Terreno fértil para teorias mirabolantes, como a “imunidade de rebanho por contágio” e o “tratamento precoce”. Agora, sabe-se que as vacinas funcionam, países europeus e da América do Norte já põem um pé fora da crise e o fornecimento de doses pelo Ministério da Saúde aos poucos regulariza-se.
Semanas atrás, escrevi que Santa Catarina tinha a oportunidade de encurtar a pandemia de Covid-19. Porque a redução dos números após os horrores da onda de fevereiro-março vinha acompanhada da vacinação. Cada pessoa vacinada representa um golpe contra o coronavírus. Em contrário, cada infecção dá sobrevida ao inimigo e amplia as chances de surgirem mutações perigosas até para quem já se vacinou. Permitir a alta circulação de pessoas significa atender aos interesses do vírus.
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Desde março, 8 mil catarinenses morreram em decorrência da Covid-19. Projetar quantos mais perecerão é tarefa inglória, dada a quantidade de variáveis. Mas uma coisa é certa: nunca a relação entre decisões governamentais e vidas salvas foi tão direta e evidente. Está nas mãos do governo do Estado, das prefeituras e da sociedade. É hora de um chamado à razão.
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