A Câmara de Vereadores empossada na sexta-feira (1º) em Blumenau deve dar mais trabalho à articulação política do prefeito Mário Hildebrandt (Podemos). Ficou evidente, na eleição da Mesa Diretora, que o governo inicia o segundo mandato sem maioria folgada, diferente do cenário que contava até dezembro. Ao menos enquanto a aliança da administração estiver em costura, o Legislativo será menos dócil às vontades do prefeito.

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> Egídio Beckhauser é eleito presidente da Câmara de Blumenau.

Não significa que todos os oito votos de apoio a Egídio Beckhauser (Republicanos) sejam oposicionistas. Pesam mais os assuntos internos da Casa do que os externos na eleição do presidente. Mas a resiliência do acordo fechado em torno do vereador novato, que suportou quase duas semanas de assédio governista, sinaliza uma relação diferente entre Executivo e Legislativo, ao menos na largada.

A rigor, Hildebrandt conta com a fidelidade de Cristiane Loureiro (Podemos), Marcelo Lanzarin (Podemos), Alexandre Matias (PSDB), Maurício Goll (PSDB), Jovino Cardoso (Solidariedade) e Marcos da Rosa (DEM). Este último filiado a um partido que decidiu não participar do governo.

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O presidente e a vice, Silmara Miguel (PSD), tendem ao alinhamento com o governo, mas estão sentados à Mesa graças à oposição. Inexperientes, atuarão sob pressão constante de ambos os lados.

Na oposição, Adriano Pereira (PT) tem as companhias de Ailton de Souza (PL) e Almir Vieira (PP). Quatro anos atrás o petista estava isolado. Bruno Cunha (Cidadania) afirma-se independente mas não perde oportunidade de confrontar o prefeito. Emmanuel Tuca Santos (Novo) e Carlos Wagner (PSL) pertencem a legendas que não permitiriam adesão irrestrita.

Sobra Gilson de Souza (Patriota), que terminou o ano na oposição mas votou com os governistas na eleição de sexta. Ele mudou de lado depois de ter sido preterido pelo grupo vitorioso na escolha do presidente. Gilson e Ailton de Souza devem estar na lista de prioridades dos articuladores da base. O segundo, porque o PL apoiou Hildebrandt no segundo turno.

Pelo quadro que se desenha, haverá menos parlamentares dispostos a votar com o governo incondicionalmente. O prefeito terá de investir mais tempo, saliva e capital político na relação com os parlamentares. Pautas sensíveis demandarão discussão prévia. O regime urgentíssimo, que tanto incomoda vereadores, terá de ser administrado em doses menos frequentes.

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Por fim, os novos humores do Legislativo impactam a composição do secretariado e a reforma administrativa que Hildebrandt planeja. Com a derrota de sexta, o prefeito tem um pouco menos de poder a oferecer a eventuais interessados em aderir à coalizão.

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