Pessoas em pé, dançando, música alta, ambiente escuro e luzes coloridas. Em qualquer lugar do planeta essa é a descrição de uma casa noturna, de uma festa, balada. Na Santa Catarina da pandemia de Covid-19, não. Isso é um restaurante. Para driblar a fiscalização e aceitar que dezenas, às vezes centenas de pessoas algomerem-se sem máscaras, empresários estão fazendo-se de desentendidos e pondo em risco a aparente melhora dos números do coronavírus no Estado.

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A Praia Brava, em Itajaí, é o exemplo mais gritante. Aos fins de semana, mas também em dias de semana, a noite ferve como em temporada de verão. No domingo (16) à noite, para quem ouvia da rua, o som das casas noturnas funcionando simultaneamente chegava a misturar-se. Havia, sim, mesas, garçons e menu, como num restaurante ou bar. Mas a maioria das pessoas estava em pé, dançando ou conversando em voz alta sem proteção. Conforme o decreto estadual em vigor, nas regiões com risco grave ou gravíssimo, casas noturnas só podem abrir para eventos sociais e corporativos, e com restrições.

Um caso específico chamava atenção. O restaurante localizado no interior de um centro comercial operava de cortinas fechadas para a rua. As poucas mesas visíveis do lado de fora seguiam operando como restaurante, com distanciamento entre os clientes. Quem acessava o centro comercial, no entanto, notava o outro lado do estabelecimento, este oculto. Dezenas de adultos jovens curtiam a noite sem máscara, como se não houvesse um vírus mortal circulando — confira o vídeo abaixo.

Na Brava, é a concentração de baladas, digo, restaurantes, que torna a cena assustadora. Mas não é exclusividade do balneário de Itajaí. Em quase toda praia badalada de Santa Catarina, incluindo a Grande Florianópolis, há estabelecimentos gastronômicos que, conforme as horas passam, tornam-se festas. E não parece haver disposição das autoridades para fiscalizar a irresponsabilidade.

Estudos científicos incluem casas noturnas entre os ambientes com maior potencial de transmissão do coronavírus. Ausência de máscaras, aglomeração e competição sonora — quando as pessoas precisam falar alto e aproximando o rosto uma das outras — formam combinação fatal. Quando o número de frequentadores é alto e em espaço fechado, há potencial para que a festa torne-se um evento de transmissão em massa da Covid-19.

Diante da melhora dos números da doença, Santa Catarina repete os erros da temporada de verão e segue a trágica cartilha que forma uma nova onda de contágio, com todos os efeitos devastadores para a saúde pública e a economia.

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