A possibilidade de municipalização do Complexo Esportivo do Sesi interessa tanto à prefeitura de Blumenau quanto à Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), atual responsável pelo espaço. É por isso que o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) enviou ofício à entidade, na segunda-feira (12), formalizando o desejo de assumir o espaço em definitivo. A questão é como e por quanto.
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Hildebrandt não falou em compra, mas em “receber” o patrimônio. Não há orçamento para aquisição. Do lado da indústria, o momento é de revisão da estrutura e dos planos para o complexo. Mas a simples doação está descartada. Apesar da diferença, há um avanço nas conversas: no passado, a municipalização esbarrou na falta de disposição da Fiesc para prosseguir com as tratativas. Isso mudou.
O debate foi reativado por iniciativa da Câmara de Vereadores. Alexandre Matias (PSDB), ex-líder do governo e filho do presidente do Metropolitano, Valdair Matias, sugeriu que a prefeitura comprasse o imóvel da Rua Itajaí como forma de garantir um estádio para que Metrô e Blumenau Esporte Clube (BEC) mandem seus jogos. Ao mesmo tempo, seria possível centralizar lá as modalidades esportivas do município, hoje espalhadas por clubes da cidade. O Metropolitano está disputando o Catarinense 2021 em Ibirama porque, desde o ano passado, o Sesi decidiu não alugar mais o campo para jogos de futebol profissional.
O ofício da prefeitura ao presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, foi alinhavado após conversa entre Hildebrandt e o vice-presidente da entidade para o Vale do Itajaí, Ulrich Kuhn. O próprio industrial encaminhou a correspondência a Florianópolis. Ele disse à coluna que Aguiar concorda com a municipalização, mas é preciso desenhar um modelo viável.
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— A prefeitura e a iniciativa privada podem transformar aquilo num centro esportivo referência no Brasil. Mas o Sistema S não pode simplesmente doar porque tem regras muito claras que impedem — analisou Kuhn.
O terreno onde fica a estrutura esportiva havia sido doado pelo município ao Sesi na década de 1970, sob a condição de que o complexo a ser erguido abrigasse atividades esportivas. Em 2019, os vereadores aprovaram uma lei autorizando o uso do espaço também para Educação e Inovação. Ela atendia a um projeto da entidade industrial de abrir no local escolas nos níveis Fundamental e Médio. Porém, a pandemia mudou os planos e os investimentos foram redirecionados para a sede do Senai, no bairro Victor Konder.
Sem poder vender o patrimônio, porque a lei proíbe, e com recursos limitados para investir no esporte, neste momento faz sentido para a Fiesc passar adiante o complexo esportivo. É uma situação diferente de 15 anos atrás, quando a entidade havia negado proposta de compra apresentada pela prefeitura.
Resta saber se também será bom para o município. Segundo o prefeito, ainda não foram levantados os custos de manutenção do complexo e nem quanto a prefeitura economizaria com aluguéis, transferindo atividades para lá.
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Manifestadas as disposições, agora é o momento de fazer contas.
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