Um microscópio furtado há mais de 30 anos do Museu de Ecologia Fritz Müller, em Blumenau, reapareceu como atração de uma exposição na Capital em homenagem aos 200 anos do naturalista. O instrumento que auxiliou observações em Santa Catarina no século 19 está em posse de um descendente de Fritz, que tem a intenção de restitui-lo ao município. A prefeitura de Blumenau disse que só soube do paradeiro da peça pelos organizadores da mostra.
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A exposição 200 anos de Fritz Müller – O Príncipe dos Observadores, no Museu Histórico de Santa Catarina, abre no dia 31 de março. Ela é organizada pelo Grupo Desterro Fritz Müller Darwin 200 Anos, do qual faz parte o professor Mário Steindel, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi ele quem contatou um tatareneto de Fritz Müller, que guarda a peça há cerca de 30 anos.
O mesmo tataraneto havia doado o microscópio ao Museu Fritz Müller, em 1980. Conforme o relato dele a Steindel, anos depois um homem teria furtado a peça da instituição, na Rua Itajaí, e exigido um resgate para devolvê-la ao município. A situação não se resolveu e o próprio descendente do naturalista teria resolvido pagar a quantia (em dólares!) ao ladrão para evitar que o instrumento fosse “jogado no Rio Itajaí-Açu” — essa era a ameaça.
Com o microscópio em mão e chateado com o furto, em 1992 o descendente de Fritz procurou legalizar a posse da peça. Ele solicitou por escrito à prefeitura de Blumenau a devolução do instrumento, uma vez que o museu não teria cumprido a obrigação de cuidar dele. No documento ele não informou que havia conseguido recuperar o objeto.
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Em resposta, o então prefeito Victor Sasse negou o pedido discordando que o município tivesse responsabilidade sobre o furto. Agora, 30 anos depois, o tataraneto de Fritz manifestou o desejo de restituir o microscópio à antiga casa do naturalista.
— O lugar desse microscópio é o Museu Fritz Müller. Com a reformulação do museu já anunciada pela prefeitura, é desejo de todos que ele volte para lá — avaliou Steindel.
Em Blumenau, a Secretaria de Cultura e Relações Institucionais, que encabeça a programação do bicentenário de Fritz Müller na cidade, disse ter sido informada por organizadores da exposição sobre o paradeiro do microscópio. Mas não houve aviso formal sobre a intenção de devolvê-lo. Oficialmente, para o município, a peça segue desaparecida após o furto.
Microscópio em Blumenau
Um segundo microscópio que pertenceu ao naturalista permanece guardado pelo município. Ele está com a Secretaria de Cultura e Relações Institucionais e, desde quinta-feira (10), integra a exposição O Sábio Mais Modesto, no Museu de Arte de Blumenau.
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Os microscópios auxiliaram Fritz Müller a observar detalhes de plantas e animais catarinenses que resultaram em mais de 260 trabalhos científicos publicados em periódicos do Brasil e do exterior. Alguns dos trabalhos apoiaram o britânico Charles Darwin, com quem Fritz correspondeu-se por 17 anos, na consolidação da Teoria da Seleção Natural das Espécies.
Uma extensa programação celebrará os 200 anos de nascimento de Fritz Müller, a serem comemorados em 31 de março. Entre as ações estão mostras, exposições e uma sessão solene do Congresso Nacional.
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