Sem base política sólida no Legislativo de Blumenau, o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) tem recorrido ao poder de veto para fazer prevalecer posições do governo na Câmara de Vereadores. Em menos de quatro meses de sessões, foram 12 vetos totais a projetos aprovados em plenário. Com o expediente, a administração assume posição de retranca no jogo político, evitando derrotas e desgastando adversários. Especialmente o vereador Bruno Cunha (Cidadania).

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O jovem parlamentar havia articulado os maiores revezes da administração neste segundo mandato. Construiu a aliança em torno de Egídio Beckhauser (Republicanos) na eleição da Mesa Diretora, impôs minoria ao governo nas principais comissões e convenceu os colegas a mudar as regras da tramitação em regime urgentíssimo. Como era de se esperar, virou alvo. Agora, reclama de perseguição porque nada que propõe tem apoio do Executivo.

— Minha vida está numa situação complicada — reclamou, na semana passada.

O prefeito tem conseguido fazer passar matérias importantes, como a que renova o programa Juro Zero e a que concede gratificações a servidores da Saúde. Mas exerce menor influência nas propostas de iniciativa dos parlamentares. As vontades do governo vêm expressas mais claramente nos vetos de Hildebrandt. Como são necessários 10 dos 15 vereadores para derrubar um veto, o governo segue dando a palavra final.

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Votam regularmente com o governo: Maurício Goll (PSDB), Alexandre Matias (PSDB), Marcelo Lanzarin (Podemos), Cristiane Loureiro (Podemos), Jovino Cardoso (Solidariedade), Marcos da Rosa (DEM) e, mais recentemente, Ailton de Souza (PL). Por enquanto, Egídio Beckhauser tem sido poupado de desempatar votações.

O problema dessa retranca legislativa é que acumula ressentimentos com quem propõe os projetos e também com quem os apoia. Mesmo integrantes da base desgastam-se quando precisam mudar de posição entre uma votação e outra. Caso o governo precise partir ao ataque para aprovar alguma medida impopular ou polêmica no futuro, pode enfrentar dificuldades para obter apoios pontuais.

Solenidade

Nesta segunda-feira (24), uma solenidade de última hora convidou parlamentares, inclusive os de oposição, para a assinatura de leis no salão nobre da prefeitura. Entre elas, a que libera vans escolares nos corredores de ônibus e a que cria um ambiente favorável ao desenvolvimento experimental de novos negócios. Todos os vereadores presentes foram convidados a falar na cerimônia, transmitida pelas redes sociais da prefeitura.

Uma demonstração de que o Executivo quer aparar arestas.

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