No jogo embaralhado das Eleições 2022 em Santa Catarina, o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), de Blumenau, ocupa lugar de coringa. Não é candidato, mas pode até ser. Conversa com quase todos os pré-candidatos a governador apresentando-se como jogador neutro, sem padrinho político. Ouve convites para mudar de partido enquanto atua como apaziguador dentro do Podemos.

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Hildebrandt construiu a condição atual. Desde o primeiro dia do mandato conquistado nas urnas em 2020, trabalhou para que a gestão fosse percebida além dos limites de Blumenau. Vendeu a imagem de prefeito que, como costuma dizer, “faz entregas”. Obras concluídas, concessões turísticas funcionando, bons números no combate à pandemia de Covid-19 em comparação às cidades brasileiras de mesmo porte. Em outubro do ano passado, promoveu jantar na Vila Germânica para apresentar os resultados da administração a prefeitos, parlamentares e lideranças estaduais.

Essa exposição veio acompanhada de gestos para valorizar a vice-prefeita Maria Regina de Souza Soar (PSDB). Ela ganhou espaço na administração e na divulgação de atos do governo. Movimento sempre interpretado como parte do processo sucessório de 2024. Nas últimas semanas, porém, observadores têm questionado se o horizonte dessa ascensão é tão longo.

No Podemos, Hildebrandt agiu como apaziguador na disputa entre o ex-deputado Paulo Bornhausen, que queria distância de Carlos Moisés, e o presidente da legenda em SC, Camilo Martins, de quem o governador aproximou-se. Embora tenha seguido Bornhausen desde o PSB para o Podemos, o recente desembarque do ex-parlamentar não produziu sobressaltos em Blumenau. Sem dar qualquer indicativo, o prefeito diz que ouvia convites de outros partidos antes da saída de Bornhausen e que continua ouvindo agora.

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Hildebrandt tem conversas frequentes com ao menos quatro pré-candidatos ao governo, pessoalmente ou via emissários. Almoçou com Jorginho Mello (PL) em Brasília na terça-feira (8), recebeu Antídio Lunelli (MDB) em Blumenau na semana passada; esteve recentemente em Florianópolis com Gean Loureiro (União Brasil) e mantém contatos regulares com Moisés — ponte que não existia até o fim do ano passado.

O prefeito caberia na posição de vice em qualquer chapa que envolva os citados. Mas para isso teria de renunciar à prefeitura dentro do prazo legal, em abril. Diferente dos prefeitos da Capital e de Jaraguá do Sul, não sinalizou que o faria. Se permanecer onde está, ninguém interpretará como recuo.

Mesmo sem entrar diretamente na disputa, o coringa Hildebrandt comanda a terceira maior máquina municipal do Estado, é carta desejada. A mão que vier a completar no jogo de outubro terá de prever espaço nobre, a ele ou a aliados dele, também no próximo governo.

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