Primeiro entrevistado da série com os candidatos à Presidência da República no NSC Total e na CBN/Diário, o cientista político Luiz Felipe D’Ávila fez o partido Novo soar menos dogmático aos eleitores. A conversa de 45 minutos, nesta segunda-feira (8), contemplou todas as teses da legenda para uma sociedade com menor protagonismo do Estado, mas aplicadas a certo pragmatismo.

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D’Avila reconheceu o “impacto gigantesco” do Bolsa Família, programa de transferência de renda criado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, até anos atrás, faria liberais torcerem o nariz. Esquivou-se de comentar a atuação do governo Jair Bolsonaro (PL) na pandemia de Covid-19, mas defendeu enfaticamente as campanhas de vacinação, inclusive a obrigatoriedade para crianças — assunto que não tem unanimidade dentro do Novo.

Em outros momentos, o candidato à Presidência suavizou formulações do partido que costumam ser peremptórias. Elogiou o Sistema Único de Saúde (SUS), dizendo que é uma bem-sucedida parceria público-privada. E prometeu “abertura unilateral” da economia, mas “gradativa” de modo a reduzir o impacto à produção nacional.

Talvez a impressão deixada na entrevista se deva ao fato de o candidato já ter experiência eleitoral pregressa. Atuou em campanhas do PSDB paulista e é descendente de uma família de políticos — o irmão, Frederico D’Avila (PL), é deputado estadual bolsonarista em São Paulo.

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Por outro lado, oferece contradições inerentes a uma candidatura que vê a iniciativa privada como solução para tudo. Diz que faria uma “intervenção” para reduzir a dependência das faculdades de ensino à distância na formação de professores, melhorando o currículo de cursos pagos. Defendeu a flexibilização de regras ambientais, como na liberação de agrotóxicos, mas criticou os resultados do atual governo na preservação do meio ambiente.

O partido Novo chega às Eleições 2022 reforçado pelos mandatos conquistados e com um candidato que consegue falar do plano de governo em bases reais, sem parecer um líder estudantil discursando. Para a legenda, o problema será enfrentar a polarização entre os líderes nas pesquisas e, principalmente, algum descolamento da realidade nacional.

Formado majoritariamente por profissionais liberais e empresários das regiões Sul e Sudeste, sem um único vereador eleito ao Norte de Minas Gerais, o Novo defende uma plataforma, no mínimo, contra intuitiva em um país onde milhões dependem do Estado para alimentar-se. 

De toda forma, oferece racionalidade a uma eleição que carece de uma direita democrática e moderada.

Veja a entrevista

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