Investimentos privados em espaços públicos de Blumenau projetam dias melhores para o turismo da cidade, assolado pela pandemia de coronavírus. O setor reverteu o desânimo que arriscava transformar em “mico” o pacote de concessões do município e deve injetar, no longo prazo, cerca de R$ 9 milhões em quatro endereços: Frohsinn, Praça Doutor Blumenau, Praça Victor Konder e Museu da Cerveja. Dinheiro que virá em aluguéis e benfeitorias no patrimônio público.

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Blumenau e do Vale por WhatsApp. Clique aqui e entre no grupo do Santa

Com a exceção do museu, todos já haviam passado por tentativas frustradas de concessão. Entre o desinteresse inicial e os negócios fechados, a prefeitura precisou flexibilizar regras dos editais, atendendo a sinalizações de empresários interessados.

O Frohsinn é o caso mais emblemático. Abandonado durante anos, o prédio pegou fogo em 2014. A prefeitura decidiu reconstruí-lo nos mesmos moldes, mas não conseguiu atrair interessados para assumir o negócio. Em 2018, finalmente, o restaurante Indaiá assinou contrato com o município. Porém, meses depois desistiu porque pretendia fazer uma ampliação no espaço físico não prevista no edital. 

Neste ano, depois de ajustar as regras para liberar a obra que transformará o Frohsinn num local de eventos, a prefeitura lançou nova licitação, outra vez vencida pelo Indaiá. Segundo a Secretaria de Turismo, o investimento total no espaço será de R$ 3,8 milhões. O prazo para reabertura é setembro de 2022.

Continua depois da publicidade

Nas praças Doutor Blumenau e Victor Konder, as primeiras ofertas ao mercado terminaram desertas. Nenhum empreendedor considerou os projetos viáveis. A prefeitura então ampliou prazos e espaços de concessão, dando maior liberdade para que restaurantes distribuam mesas. Na Doutor Blumenau, o Benkendorff Kaffee apresentou a única proposta habilitada, que renderá ao município R$ 420 mil em 10 anos. Falta assinar o contrato.

Estação Blumenau

Na Victor Konder, onde será erguida uma réplica da antiga estação ferroviária, foi flexibilizada a regra que obrigava o construtor do prédio a adotar a técnica enxaimel, mais cara. Será possível apenas simular o estilo construtivo na fachada — opção de gosto duvidoso, mas que combina com o prédio vizinho, o da prefeitura. O restauro da locomotiva Macuca passa a ser uma reforma, sem a necessidade de conservar peças originais.

As empresas Insight e Mestra Cervejaria demonstraram interesse e disputam a segunda licitação. O investimento parte de R$ 3 milhões em 30 anos de contrato.

A expectativa de desencalhe dos três pontos turísticos ocorre ao mesmo tempo em que o Museu da Cerveja, o mais visitado da cidade, receberá aporte de R$ 1,5 milhão dos empresários donos da Cerveja Blumenau. Eles devem renovar o espaço físico, o acervo e tornar o lugar mais atrativo. Até um chafariz de cerveja faz parte dos planos.

Continua depois da publicidade

— O turismo de Blumenau era muito baseado na Oktoberfest, um modelo estatal. Era tudo prefeitura, prefeitura, prefeitura. Esse novo modelo abre um campo para que a iniciativa privada possa atuar — avalia o secretário de Turismo, Marcelo Greuel.

Contratos

O desafio, se tudo for mesmo desengavetado, será gerir os contratos e garantir que os investimentos serão bons para empresas, blumenauenses e turistas. Pesa em contrário o histórico desfavorável em concessões turísticas.

No próprio Frohsinn, a última concessão terminou em litígio e com administradores públicos processados por não cobrar da empresa o cumprimento de cláusulas contratuais. Quadro similar ao do antigo restaurante Moinho do Vale, na Ponta Aguda, que foi definitivamente vendido pelo município em meados dos anos 2000. O prédio hoje ocupado pelo restaurante Thapyoka passou por várias mãos e permaneceu fechado por longo período também por problemas com concessionários. Felizmente, a empresa de Timbó encerrou o ciclo negativo.

— Talvez essa seja a nossa maior preocupação. Que a gente tenha os projetos, que saiam do papel e se mantenham com qualidade. Mas o fundamental é ter turista, gente em Blumenau para dar resultado a quem investiu — analisa Greuel.

Continua depois da publicidade

O município ainda comemora a atração de receitas recorrentes para o Fundo Municipal de Turismo. No Museu da Cerveja, 5% da receita bruta com bilheteria será destinada ao poder público. E ainda podem entrar os royalties da cessão da marca Oktoberfest Blumenau à empresa Genova, de Florianópolis, única interessada na licitação. Se ela for homologada vencedora, pagará 4,5% sobre a receita líquida de cada produto licenciado.

Perto do prejuízo com a Covid-19, as notícias positivas são suspiros para o turismo local, mas trazem esperança de que 2021 possa ser um ano de recuperação.

Receba textos e vídeos do colunista Evandro de Assis direto no WhatsApp. Basta clicar aqui.