A investigação conduzida por autoridades alemãs sobre um grupo que planejava atos violentos e um golpe de estado, no fim de 2022, oferece detalhes sobre um personagem intrigante que envolve Santa Catarina na história. A revista Die Zeit, de Hamburgo, publicou reportagem na quarta-feira (3) que mergulha no mundo de teorias conspiratórias e pretensa violência contra o governo da Alemanha. Rüdiger von Pescatore, 69 anos, cidadão alemão que viveu entre Blumenau, Pomerode e Indaial por cerca de cinco anos e depois tornou-se líder militar do plano golpista, é um dos suspeitos presos.

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De acordo com a reportagem, que visitou o Estado em março, o ex-paraquedista do exército alemão tentou estabelecer em Santa Catarina uma fábrica de painéis solares. Buscou investidores entre empresários influentes de Blumenau, mas não foi levado a sério. Os planos pareciam inviáveis.

Ele viveu com a esposa numa casa de campo em Indaial, mas tinha poucos contatos sociais além da filha, do genro e dos netos, que moravam em Pomerode. A foto deste post foi cedida por um dos poucos contatos catarinenses dele.

Impressiona, na descrição feita pelos investigadores alemães, a conversão do empresário mal-sucedido no Brasil numa espécie de chefe do estado-maior de um grupo paramilitar em formação na Alemanha. Entre 2021 e 2022, Pescatore circulava à vontade por cidades alemãs tentando recrutar militares e policiais para o grupo. Repetia teorias da conspiração aos montes, inclusive em mensagens pelo telefone, apontam as investigações.

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72 horas

A apuração alemã mostra os integrantes do grupo, que tinha como líder máximo o descendente de uma antiga monarquia, à espera de um sinal para desencadear atos violentos no país. O problema é que nem eles sabiam ao certo de onde viria a tal ordem.

Até a morte da Rainha Elisabeth II, da Inglaterra, em setembro do ano passado, foi interpretada como uma senha, disparada sabe-se lá de onde, de que estava próxima a hora de agir. Como nada acontecia, surgiu a promessa de uma orientação a ser emitida em 48 horas. Depois em 72 horas, uma semana, 15 dias… E ela nunca chegou.

Alemanha ensina que na democracia não existe liberdade de tramar golpe

Situação parecida com a que manteve milhares de pessoas acampadas em frente a quartéis do Brasil, entre outubro e janeiro, na esperança de que alguma força oculta impediria a troca de governo “em 72 horas”. Aqui também a paranoia levava os golpistas a enxergar ordens estratégicas em qualquer movimento.

Na Alemanha, o grupo desmantelado no início de dezembro é visto como pequeno e confuso. Mas perigoso. Foram recolhidas armas, listas de autoridades e personalidades, e indícios de que integrantes buscavam contatos na Rússia. O bando não derrubaria o governo, mas poderia ferir pessoas e causar estrago. O 8 de janeiro em Brasília ajuda a ilustrar esses temores.

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O Ministério Público alemão ainda não ofereceu denúncia contra Rüdiger von Pescatore, mas ele permanece preso.

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