Na quarta vez de Maria Regina de Souza Soar (PSDB) como prefeita de Blumenau interina, ficaram expostas hesitações sobre o projeto de sucessão em 2024. Não dela, mas do governo municipal. A vice quer ser candidata e tem o apoio verbal de Mário Hildebrandt (Podemos). Os gestos políticos, todavia, transmitem sinais dúbios.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Blumenau e região direto no Whatsapp
A gestão municipal é, dita e repetida, “a quatro mãos”. Secretários municipais dão entrevistas em nome do “governo Mário e Maria”. Hildebrandt a prestigia com frequência em solenidades públicas, exaltando a parceria.
“Tenho vontade de ser candidata a prefeita de Blumenau”, diz Maria Regina
Na administração do dia a dia, é diferente. Em 2021, Maria Regina teve papel importante na vacinação contra a Covid-19, mas desde então toca áreas distantes dos holofotes. Estão com ela a restauração de patrimônios públicos, a exemplo da prefeitura antiga e da Ponte de Ferro, e projetos de longo prazo, como o resgate do antigo porto e a reforma da Rua XV de Novembro. Faltam cartões de visita ao eleitor.
Continua depois da publicidade
Para fazer a então desconhecida Dilma Rousseff (PT) candidata a presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a chamá-la de “mãe do PAC” dois anos e meio antes da eleição da eleição de 2010. Era Dilma a coordenadora da menina dos olhos do governo federal petista, o Programa de Aceleração do Crescimento.
Em Blumenau, o primeiro ato preparado para a interinidade de Maria Regina foi um impopular decreto para multar quem desperdiça água. A assinatura ocorreu na segunda-feira (16), minutos depois de Hildebrandt comandar uma apresentação festiva sobre as novidades da Sommerfest e da Páscoa.
No restante da semana, a agenda positiva de maior destaque foi a assinatura da ordem de serviço para reformar a praça do Anel Viário Norte. Ato testemunhado por secretários e assessores entre as quatro paredes do gabinete. Sem contato com a população ou cobertura da imprensa.
As chuvas na região e atos da Secretaria de Educação — comandada pelo vereador e presidente municipal do PSDB, Alexandre Matias — predominaram. Exceção feita a uma rodada de entrevistas em emissoras de rádio e uma passagem rápida por Florianópolis, foi mais uma interinidade discreta. Discreta demais.
Continua depois da publicidade
Hildebrandt tem dito que “a próxima eleição será de uma mulher”, mas até aqui cedeu pouco espaço político à companheira de chapa. Empolgado com pesquisas internas que mostram boa avaliação da gestão, o prefeito parece acreditar que o próprio sucesso naturalmente empurrará a vice para a vitória. Aliados, entretanto, leem esse comportamento como manifestação de cautela diante do cenário político ainda turvo pós-2022.
Maria Regina pode ser a candidata, mas precisará mais do que palavras para consolidar-se e sair vitoriosa.
Receba textos e vídeos do colunista Evandro de Assis direto do Whatsapp
Leia também
Blumenau tem agenda de shows cheia no primeiro semestre
As promessas do governo Lula para as rodovias federais que SC agora pode cobrar
Secretário em Blumenau recusa convite de Jorginho para presidir a Santur
Jorginho Mello marca visita a Rodeio e sobrevoo a áreas devastadas pela chuva