O Hospital Santo Antônio, de Blumenau, anunciou nesta semana que terminou 2021 com superávit de R$ 7,4 milhões. Isso num ano de pandemia, em que as despesas cresceram 22% — mais do que as receitas, que subiram 19% frente ao ano anterior. Estaria o hospital onde 90% dos pacientes são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em situação folgada? Bem pelo contrário, diz o presidente da Fundação Hospitalar de Blumenau, Tadeu Avi.

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Não fossem os valores doados a partir de um convênio com o título de capitalização Trimania, diz ele, o Santo Antônio terminaria o ano no vermelho. Em entrevista à coluna, Avi falou sobre o balanço do hospital divulgado esta semana, sobre Covid-19 e a demora no atendimento no pronto-socorro.

m Ele tambérevelou um plano ambicioso de ampliação da área física, obra com 5 mil metros quadrados que reforçaria centro cirúrgico, oncologia pediátrica, leitos de UTI e dotaria a instituição de um heliponto. Projeto à parte dos R$ 14,2 milhões necessários para instalar novos 10 leitos de UTI neonatal, prioridade que vem sendo tratada com o Estado.

Entrevista

Qual a situação do Santo Antônio passado o pior momento da pandemia?

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Tadeu Avi – Durante a pandemia tivemos problemas de todo tipo, mas conseguimos superar. Agora estamos enfrentando uma situação relacionada à dengue, à gripe e a outros problemas respiratórios, que acumulam pessoas para serem atendidas na urgência e emergência. É um caso atípico. Esta semana o quadro já melhorou um pouco. Esperamos que a gente consiga diminuir o tempo de espera que, a gente sabe, é de casos não urgentes.

Se o hospital teve superávit em 2021, não precisa mais de ajuda?

Tadeu Avi – Se você tirar os recursos da Trimania, o resultado fica negativo. Essa reserva que nós temos, que não é dinheiro sobrando, nós aplicaremos nas obras e investimentos para manter o parque fabril do hospital atualizado. Temos cerca de 1,5 mil equipamentos médico-hospitalares, um complexo gigante que você precisa manter. Nós trabalhamos com uma reserva técnica. Só um tubo de imagem de um tomógrafo custa R$ 700 mil. Ele pode quebrar a qualquer momento e você precisa ter o recurso na hora.

Nós trabalhamos com 52 centros de custo no hospital. Temos uns 15 que são superavitários, o resto é déficit. Sempre fica faltando dinheiro para o Hospital Santo Antônio pagar suas contas. É por isso que estamos sempre passando o chapéu aqui e lá.

Estado e município têm apoiado?

Tadeu Avi – Hoje a relação do hospital com o município e o Estado é boa, de diálogo. Mas é bastante complicado conseguir aumentar o repasse. Seguimos batendo nisso com os nossos deputados, cobrando de quem nos representa. A gente fez o cálculo e temos uma defasagem de cerca de R$ 500 mil por mês no repasse do município, que não recebe atualização pelo INPC como se faz com os impostos, por exemplo. O município teve grande parceria com o hospital durante a pandemia, mas falta essa correção.

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Por que as pessoas ainda esperam várias horas por auxílio no pronto-socorro?

Tadeu Avi – Às vezes a população vem direto para o hospital achando que vai ser atendida mais rápido. Nosso objetivo é que o município conscientize a população para que busque o atendimento na rede, que está preparada para isso. O pronto-socorro é para atender os casos de urgência e emergência. O secretário (de Saúde, Marcelo Lanzarin) está fazendo um trabalho em cima disso. A gente não sabe quando vai acontecer um acidente e chegar ambulância. Quem está aguardando acha que, na hora de uma emergência, o hospital desloca outra equipe. Não é assim, a equipe é a mesma. Temos dois pediatras e dois clínicos gerais e mais esse reforço que colocamos agora para tentar suprir essa demanda (momentânea).

Quais as prioridades em investimentos para ampliar a capacidade do hospital?

Tadeu Avi – Vamos concluir no fim de junho a parte civil do novo centro obstétrico. Não só a reforma da estrutura, todos os equipamentos, é praticamente uma obra nova, com área muito maior. Vamos deixar a obra totalmente pronta, com equipamentos, no final de julho. Outra obra necessária é o centro de esterilização de materiais, que já está no orçamento e temos o dinheiro reservado. Também precisamos adequar o espaço do pronto-socorro, melhorar a segurança dos profissionais e ampliar o número de salas para atender mais pacientes simultaneamente. E adquirir um novo tomógrafo para o hospital.

Quais os planos de longo prazo?

Tadeu Avi – Temos um projeto em que avançamos bastante. Uma área de 5 mil metros quadrados que o hospital vai incorporar, atrás do pronto-socorro, toda aquela extensão usada para estacionamento. O estacionamento fica livre embaixo e no espaço de cima teríamos áreas de ampliação. Estendendo o pronto-socorro e o centro cirúrgico, poderíamos ampliar a parte de cima das UTIs, um andar inteiro para a oncologia pediátrica, que é um projeto que nós temos, e o heliponto. Temos um custo de operação para descer o helicóptero no Santa Isabel, ter uma ambulância disponível e trazer o paciente de lá para cá. Já temos a aprovação de viabilidade da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o projeto vai sair do papel. Uma empresa de engenharia fará o projeto e então encaminharemos à prefeitura e ao Estado. Temos um orçamento-base de R$ 50 milhões, mas precisamos do projeto executivo para orçar em detalhes. Aí faremos um apelo à sociedade para arrecadar o dinheiro.

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