O projeto de uma nova loja da Havan a ser construída no Centro Histórico de Blumenau foi retirado pela empresa nesta quarta-feira (26), durante reunião do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural Edificado (Cope). A empresa tomou a decisão depois que ficou clara a opinião majoritária dos conselheiros contra a fachada do imóvel, inspirada na Casa Branca. Na opinião deles, ela prejudicaria edificações próximas que possuem valor histórico.
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A Havan pretendia erguer uma loja que ocuparia 7 mil metros quadrados do terreno, com 240 vagas de estacionamento para carros e motos, entre a Rua das Palmeiras e a Rua Alwin Schrader.
Mais de 60 pessoas participaram da reunião, entre conselheiros que representam órgãos públicos e entidades da sociedade com assento no Cope, além de pessoas da comunidade inscritas. Um quórum alto em comparação às cerca de 20 pessoas que costumam acompanhar as deliberações do Cope.
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O projeto de uma grande loja da Havan em parte do terreno onde ficava o estádio Aderbal Ramos da Silva, na Rua das Palmeiras, precisou ser analisado pelo conselho porque o local é de interesse histórico. A construção seria vizinha da Igreja do Espírito Santo, a paróquia luterana do Centro, e de outras edificações tombadas. A primeira a se manifestar na reunião foi a diretora do Arquivo Histórico de Blumenau, Sueli Petry:
— Não sou contra o progresso em absoluto, mas não é o local ideal para uma casa de comércio. É o último repositório da memória de uma Blumenau colônia. Sou terminantemente contra.
Conselheiros que falaram a seguir, representando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o Instituto Histórico de Blumenau (IHB) e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) criticaram o projeto arquitetônico idêntico ao de outras 150 unidades da Havan. E sugeriram que a empresa se adequasse ao local histórico, e não o inverso. Outros apontaram a questão do trânsito, que já é pesado na região da Rua das Palmeiras.
O arquiteto Jonathan Carvalho, que falou em nome da Havan, disse que o trânsito só seria impactado aos fins de semana, quando o movimento nas lojas do grupo é mais intenso. Ele ressaltou que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) havia aprovado a proposta de construção desde que fossem obedecidas recomendações. A Federação Catarinense de Cultura (FCC) também havia emitido opinião favorável. Um parecer técnico da Secretaria de Planejamento Urbano havia considerado inadequado o projeto porque “causa uma agressão na paisagem e no conjunto edificado do centro histórico”.
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Ao fim da reunião, o secretário de Planejamento Urbano, Éder Boron, sugeriu que a Havan retirasse o projeto para reapresentá-lo mais tarde. A sugestão foi aceita. Quatro conselheiros insistiram em levar a proposta à votação, mas terminaram vencidos pela maioria.
Procurada pela coluna, a assessoria da Havan informou que a empresa ainda não se manifestaria sobre o resultado da análise do Cope.
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