Os estudantes abandonaram os ônibus de Blumenau. É a categoria de usuários mais atrasada na recuperação gradativa do transporte coletivo após a redução do contágio por Covid-19 na cidade. Em outubro de 2021, as 161 mil passagens escolares corresponderam a apenas 37% das 433 mil de outubro de 2019, antes da pandemia. Para a Secretaria de Trânsito e Transportes (Seterb), a redução do poder aquisitivo das famílias impede a volta de muitos dos estudantes.
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Segundo o órgão municipal, a queda é mais evidente em comunidades de renda baixa. O chefe de Planejamento do Transporte Coletivo de Blumenau, Marcelo Strutz, conta que visitou bairros da periferia onde a ausência dos escolares é mais notada. Das mães, ouviu que as crianças estão usando bicicleta ou caminhando até a escola. O benefício da meia tarifa já não é suficiente.
— Peguei linhas onde houve uma queda grande e vi muitas mães se despedindo dos filhos indo a pé. Os cerca de R$ 100 por mês fazem diferença na mesa das pessoas. O poder aquisitivo dos pais caiu — constata.
Trajetos de dois ou três quilômetros, antes feitos de ônibus por conforto e segurança, agora são percorridos a pé ou pedalando. Estudantes de universidades que ainda não retornaram 100% às aulas presenciais são outro grupo ainda distante dos ônibus. A expectativa é que retornem em 2022.
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No total de usuários, foram 1,3 milhão em outubro passado, o equivalente a 53% do movimento registrado há dois anos. O maior grupo de passageiros, os trabalhadores que usam vale-transporte, corresponde a 698 mil giradas de catraca (60% do período pré-pandemia). Neste caso, a Seterb avalia que existem três grupos: aqueles em trabalho remoto, que talvez nunca voltem a ser usuários regulares de ônibus, os desempregados e quem migrou para carro ou moto durante a pandemia.
A Seterb afirma que vem reativando linhas e horários conforme a demanda cresce. O custo do sistema já atingiu 73% do que era considerado normal até fevereiro de 2020.
Passagem mais cara
Quase 20% dos que giraram as catracas de ônibus em Blumenau no mês de outubro pagaram passagem em dinheiro e, por isso, mais cara. Quem entrega cédulas e moedas ao cobrador desembolsa R$ 4,70, enquanto os que têm o cartão pagam R$ 4,50. A Seterb pretende fazer campanhas para estimular o uso do sistema eletrônico.
— O pagamento em dinheiro tem que ser apenas para o uso esporádico — orienta Strutz.
Idosos e outras categorias de passageiros isentos da tarifa representaram 7% do total em outubro.
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