O ano eleitoral havia começado azul para Mário Hildebrandt (Podemos). Cortejado por candidatos ao governo do Estado, estabelecido como liderança regional, administrando o município em águas calmas e com dinheiro no caixa, o prefeito de Blumenau anunciou que mergulharia na campanha de 2022, mas não como candidato. Computados os votos do primeiro turno, aquele que, em março, chamei de “coringa da eleição” virou carta de menor peso.
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Nas conversas com as candidaturas em formação, no primeiro semestre, Hildebrandt pôs sobre a mesa uma série de projetos, do presente e do futuro, capazes de elevar a administração dele a um patamar de reconhecimento histórico: Corredor Norte, municipalização do Sesi, Centro de Convenções, Margem Esquerda, pavimentação de ruas e pontes nos bairros, entre outros. Um conjunto suficiente para ampliar os horizontes da carreira.
Em 2024, o prefeito não poderá concorrer à reeleição. Por isso, a negociação envolveu também um espaço de visibilidade no governo do Estado a partir de 2023. André Espezim (Podemos), candidato a deputado federal, nem precisava ser eleito. Bastava fazer uma votação razoável em Blumenau e depois representar o grupo político de Hildebrandt no primeiro escalão, em Florianópolis. Ali teria condições de cacifar-se para compor chapa com a atual vice, Maria Regina de Souza Soar (PSDB), na eleição municipal.
Arrastado por circunstâncias partidárias, o prefeito seguiu o Podemos no apoio a Carlos Moisés (Republicanos). Converteu a relação até então gélida com o governador em parceria entusiasmada, contemplando as duas partes do plano: obras e espaço político.
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Como se sabe, as urnas mudaram a política catarinense de rota outra vez. Moisés não estará no palácio em 2023, o Podemos virou uma cooperativa de prefeitos em debandada, Espezim saiu da eleição tão desconhecido quanto entrou e Hildebrandt tem pouco a oferecer a Jorginho num segundo turno em que o adversário é o PT de Décio Lima.
Manter, num governo do PL, as obras e projetos compactuados com Moisés parece verossímil. Aninhar aliados do prefeito em posições de destaque rumo a 2024 e 2026, nem tanto.
A resiliência do voto bolsonarista, aliada ao derretimento de PSDB e Podemos, deixa a dupla Mário e Maria a descoberto para a eleição de daqui dois anos. Seria preciso mover-se em direção ao bolsonarismo, mas o espaço está ocupado por Ivan Naatz (PL) e Egídio Ferrari (PTB) — grande novidade da eleição. À esquerda, reforçou-se o PT, que tem a deputada federal mais votada da cidade, Ana Paula Lima. Até o movimento político ligado à religião, caro ao prefeito, está tomado por Ismael dos Santos (PL) e Marcos da Rosa (União). E ainda há Napoleão Bernardes (PSD) de volta ao centro político.
Hildebrandt já demonstrou ter habilidade e paciência para dobrar adversidades políticas importantes desde que assumiu a prefeitura, em 2018. Porém, o que está diante dele agora não é um mero realinhamento de rota, mas a necessidade de reinventar a própria carreira política.
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