À parte as análises sobre vencedores e perdedores, surpresas e confirmações e as projeções para o segundo turno, as Eleições 2022 em Santa Catarina trazem uma constatação dura: o eleitor desinteressou-se pelo político tradicional. Os campeões de votos para o Legislativo destacam-se pela estridência na defesa de pautas com abrangência nacional, e não pela atração de verbas a uma região ou por dialogar com adversários para aglutinar apoios.
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Partidos que dominaram o cenário político catarinense desde a redemocratização submergiram. MDB e PP estão fora do segundo turno, assim como União Brasil e PSD. Nem em 2018 isso havia acontecido. O PSDB elegeu só dois deputados estaduais e nenhum federal.
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Líderes recordistas em emendas parlamentares, como Darci de Mattos (PSD), e nomes com trânsito em Brasília, como a família Amin (PP), ficaram pelo caminho. Políticos que conversam diuturnamente com o eleitorado pelas redes sociais, sempre em posição de combate contra um inimigo a ser derrotado, colhem reconhecimento das urnas.
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A velha conta de quantos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores estão distribuídos pelos 295 municípios fazendo campanha para cada candidato deixou de ser indicativo consistente para projetar resultados. A política brasileira verticalizou-se. O voto é de cima para baixo. Ou de Brasília para a seção eleitoral.
O fenômeno foi avassalador em 2018 e neste ano confirma que veio para ficar. Carlos Moisés (Republicanos), eleito pela onda Bolsonaro, cometeu o pecado de não ser bolsonarista o suficiente. Foi taxado como traidor por não abraçar 100% as pautas do presidente e por acreditar que a onda não quebraria novamente. Quebrou forte.
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A campanha de Moisés fiou-se no modelo anterior: fez coligação com a capilaridade do MDB e reuniu o apoio de prefeitos, vereadores e deputados, mas que falharam em transferir o prestígio político ao governador — ou não se esforçaram para isso. Jorginho Mello (PL) concorreu em chapa pura, sem contar com estrutura nos municípios, e é o favorito a assumir o governo em 2023. A diferença é Jair Bolsonaro.
Mas a onda bolsonarista de 2022 veio acompanhada da ascensão do PT, que chega ao segundo turno pela primeira vez e elegendo dois deputados federais, mais quatro estaduais. Até o petismo como líder da oposição foi transplantado do cenário nacional para o catarinense.
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PL e PT serão os polos da política de Santa Catarina nos próximos quatro anos. Quem reclamava de polarização fazia jogo de cena. O eleitor gostou e quer mais.
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