Ou algum bombeiro do Vale do Itajaí prontifica-se rápido a mediar a relação entre Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade e Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), ou os R$ 200 milhões prometidos pelo governador Carlos Moisés (PSL) à duplicação da BR-470 escorrerão para obras em outras regiões catarinenses.

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A discordância sobre qual pedaço da rodovia deve ser tocado pelo governo do Estado embute uma questão técnico-jurídica e outra político-eleitoral. O DNIT prefere ceder os lotes 3 e 4 (Blumenau-Indaial), onde há desapropriações caras que atrasaram os trabalhos. O Estado diz que não existe caminho legal para comprar terrenos particulares e repassá-los à União. Por isso, prefere os lotes 1 e 2, que já estão 80% prontos.

A primeira questão, técnica, pode ser resolvida com conversa e negociação. A segunda, eleitoral, pode inviabilizar a resolução da primeira. Embora todos os envolvidos neguem, o interesse de Brasília e Florianópolis nos lotes 1 e 2 deve-se ao potencial de tornarem-se trunfos eleitorais em 2022.

O secretário Thiago Vieira enfatiza que gostaria de “apresentar resultados” à população para justificar o uso dos R$ 200 milhões numa obra da União. Do lado do DNIT, órgão da cota do PL, partido do senador Jorginho Mello, tampouco haveria interesse em transferir do governo Jair Bolsonaro para Moisés louros de uma obra tocada, a duras penas, há oito anos.

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O que importa ao Vale do Itajaí, no entanto, são os números. Segundo o DNIT, faltam R$ 735 milhões para concluir a duplicação, incluindo as desapropriações. No orçamento deste ano, a BR-470 pode ter 429 milhões — 58% do total. Sem o Estado, porém, a expectativa de investimento cai para R$ 229 milhões. Um montante ainda assim inédito, mas inferior ao necessário para concluir tudo em 2022.

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