A proposta de municipalização da SC-108, a rua Pedro Zimmermann, em Blumenau, tornou flagrante a distância que hoje separa as administrações Mário Hildebrandt (Podemos) e Carlos Moisés (PSL). O prefeito de Blumenau propôs assumir a responsabilidade por 10 quilômetros de estrada deteriorada e congestionada no bairro Itoupava Central — desejo antigo do Estado. Em troca, solicitou R$ 50 milhões para investir na estrada. Não vai acontecer nem uma coisa, nem outra.
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A resposta do secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade, Thiago Vieira, de que o plano “não faz sentido”, devolveu o assunto ao lugar em que estava há décadas: a gaveta. Ocupado em retomar o prolongamento da Via Expressa, a nova SC-108, o secretário demonstrou zero interesse em prosseguir com a conversa.
Pior para os moradores da Itoupava Central e da Vila Itoupava, que continuarão circulando em uma via perigosa, desgastada e inadequada para o volume de trânsito que comporta. Também para caminhoneiros e motoristas que usam o trajeto para chegar ao Norte catarinense e vice-versa.
Ao saber da resposta de Vieira, Hildebrandt irritou-se. Disse que “não faz sentido é continuar perdendo vidas na estrada”. E questionou se, dos R$ 5 bilhões para infraestrutura anunciados pelo Estado em campanha publicitária, Blumenau não mereceria R$ 50 milhões. Para resolver um gargalo que hoje é responsabilidade do Estado.
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Pesando-se prós e contras, a proposta de Blumenau faz bastante sentido. O governo estadual ficaria livre para sempre de um dos trechos mais problemáticos da malha rodoviária catarinense a um preço que, no longo prazo, é barato. O Estado não estaria entregando um “patrimônio”, como analisou o secretário Thiago Vieira, mas uma fonte de despesas e exposição negativa.
Por outro lado, a operação abriria precedente que não interessa ao governo. Se o Estado pagar pela municipalização da SC-108, imediatamente baterão à porta da Infraestrutura dezenas de prefeituras que há anos fazem ouvidos moucos a pedidos de municipalização de rodovias urbanas. Aí a conta ficaria muitos milhões de reais mais cara.
De todo esse debate, há uma única certeza: a Pedro Zimmermann precisa de investimento público. E com urgência.
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