Criança precisa ir para a escola de máscara em Santa Catarina? A resposta são vários “depende” depois da nova portaria do Estado sobre a Covid-19. Crianças até dois anos não devem usar. Dos três aos cinco, é recomendado, se houver supervisão de um adulto. Dos seis até os 12, não. Mas se completar 13, aí precisa. Alguns municípios, como Blumenau, demandam orientação por escrito dos pais. Tudo isso sem considerar a lei federal que obriga máscara a partir dos três anos. Uma confusão.

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As autoridades catarinenses estão dando às crianças uma verdadeira lição de mau comportamento. A portaria é, em primeiro lugar, inconstitucional. O Estado descumpre lei maior e abre precedente para casos como o de Chapecó, que liberou geral as máscaras em ambientes fechados, a despeito das regras estaduais. Estão ensinando o seguinte: ignore a autoridade e faça o que quiser, como bem entender.

A redução do contágio por esse coronavírus se dá, como todo mundo já está cansado de saber, pelo distanciamento entre as pessoas, pelo uso de máscaras, pela vacinação e por hábitos de higiene. São atitudes que oferecem camadas de proteção comunitária, e não só individual.

Salas de aula são ambientes fechados em que o distanciamento é limitado, os índices de vacinação das crianças em Santa Catarina são insuficientes e agora máscaras tornaram-se facultativas. Sobrou o saudável hábito de lavar as mãos para combater um vírus que, também já se sabe, prolifera-se majoritariamente pelo ar.

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Reações de especialistas complicam qualquer justificativa técnica. O governo de Santa Catarina mal tenta fazer isso. Está evidente que cedeu à pressão de um movimento crescente de pais e mães em redes sociais. Há semanas espalhou-se a tese de que máscaras atrapalham o ensino e prejudicam a socialização, trauma mais grave do que contrair a Covid-19 — em geral, pedagogos e pediatras discordam disso. 

Mas familiares preocupados com o desenvolvimento dos filhos passaram a cobrar aqueles que dependem de voto. E encontraram no comportamento errático das autoridades argumento difícil de rebater: “Por que exigir máscaras das crianças se ninguém as usa em baladas e festas”? Também fazem sentido as críticas às máscaras de tecido mal posicionadas, que ajudam pouco a prevenir o vírus. 

Os países com melhores resultados contra a pandemia de Covid-19 têm em comum a assertividade das autoridades na comunicação e a confiança que inspiram na população. Como destacou o colega Ânderson Silva, governador e secretário de Saúde estão em silêncio sobre a decisão que tomaram.

Sem oferecer melhor solução, o Estado repete estratégia do ano passado, quando liberou as máscaras ao ar livre e delegou ao comércio a fiscalização nos espaços fechados. Agora, está transferindo às escolas a responsabilidade de botar ordem na confusão que ele mesmo criou.

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O professor em sala de aula precisará lembrar se João ou Maria tem 12 ou 13 anos completos e se o pai autorizou ou não ele a deixar a máscara em casa. E, no caso de precisar convencer a criança sobre a importância da prevenção, ainda terá de explicar os maus exemplos que vêm de cima.

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