O debate decisivo na Rede Globo entre os candidatos a presidente nas Eleições 2022 pôs na berlinda o voto útil, aquele movimento de eleitores que trocam de candidato na véspera. Antes do programa começar, a dúvida era se Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), líderes nas pesquisas, conseguiriam atrair indecisos e apoiadores dos demais candidatos. A dois dias da votação, a dúvida no ar é se alguém mudou de opinião após a profusão de memes e direitos de resposta.

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Falou-se sobre petrolão, rachadinha, assassinato de Celso Daniel, quadrilhas para roubar dinheiro público, sobre um candidato de mentira que diz ser padre e até sobre inferno. Quem resistiu ao baixo nível e ao jogo interrompido a todo momento por direitos de resposta, conseguiu pescar uma ou outra conversa sobre saúde, educação, meio ambiente e cultura. Mas no cômputo geral, foi uma saturação.

Lula e Bolsonaro transformaram o embate decisivo em briga, estimulados também por outros oponentes, como Ciro Gomes (PDT) e Padre Kelmon (PTB) — claramente no papel de escada do presidente. No terceiro bloco, Lula e Kelmon interromperam tanto um ao outro que William Bonner ameaçou chamar um intervalo.

O desempenho de Simone Tebet (MDB), que soube articular críticas aos líderes com falas propositivas, é provavelmente a pior notícia para os esforços petistas de liquidar a fatura no primeiro turno. Na participação mais ácida, a senadora chamou Bolsonaro de covarde porque havia perguntado a ela sobre Celso Daniel, e não a Lula.

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Mais apagados, Luiz Felipe D’Ávila (Novo) e Ciro Gomes (PDT) insistiram no tema da corrupção e focaram os ataques em Lula sempre que possível. Soraya Thronicke (União), um tanto confusa ao explicar os cargos que indicou no governo Bolsonaro, teve o melhor momento ao criar o meme do Padre de Festa Junina.

A bem da verdade, o debate na Globo manteve o baixo nível da campanha e refletiu o clima bélico da política brasileira na última década. Talvez a única novidade que forneceu aos votantes foi isso, um espelho. E a imagem é de assustar.

Quem tem o direito de resposta, agora, é o eleitor.

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