O surgimento de um novo projeto de lei na Câmara dos Deputados para tentar transformar a Furb em Universidade Federal do Vale do Itajaí (UFVI) embaçou um horizonte que já era bastante nebuloso para a instituição cinquentenária de Blumenau. A semana terminou com mais incerteza para a Furb, que pode converter-se em um problemão depois de seis décadas contribuindo para o desenvolvimento regional.

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A proposta de lei do deputado federal Pedro Uczai (PT), apresentada segunda-feira (12), é a quarta tentando federalizar a Furb desde a década de 1990. Além do projeto petista, há dois anos tramita outro na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, de autoria do atual governador Jorginho Mello (PL). A redundância revela uma disputa política pela bandeira, algo que mais atrapalha do que ajuda.

Toda essa energia política serve, no máximo, para pressionar o Ministério da Educação (MEC). É prerrogativa do Executivo criar uma universidade federal, e não do Legislativo. Por essa razão, outras duas propostas do tipo já haviam sido arquivadas. Uma do ex-deputado Renato Vianna (MDB) e outra do senador Leonel Pavan (PSDB).

O segundo indício ruim é a falta de coesão dentro do PT. Nem a deputada Ana Paula Lima (PT) e nem o presidente do Sebrae, Décio Lima (PT), apoiaram publicamente o projeto de Uczai, integrante de uma ala do partido que em Blumenau tem como liderança o professor Valmor Schiochet, atual secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Participação Social.

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Ana Paula tem atuado dentro do MEC pela aproximação entre UFSC e Furb, mas até aqui de maneira discreta. Talvez escaldada pela repercussão negativa da tentativa frustrada de federalização no governo Dilma Rousseff (PT), quando ela e Décio expuseram-se em outdoors comemorando a conquista que nunca veio. A visita de uma comitiva do ministério a Blumenau em julho, articulada por Ana Paula, servirá de termômetro.

Universidade gratuita

Em terceiro lugar, a articulação desinteressada do governo Jorginho na Assembleia Legislativa pela aprovação do programa Universidade Gratuita acendeu sinal vermelho. A perspectiva de incremento no número de bolsas pagas pelo Estado trouxera perspectivas animadoras à Furb. Mas se o volume de recursos diluir-se demais, os problemas de caixa podem não ter solução de curto prazo.

Os planos de expansão do campus da UFSC são um bonde passando por Blumenau neste momento. A instituição federal quer mudar-se para um imóvel maior e tem sinalização positiva do MEC para isso. A coordenação do campus está ouvindo a comunidade sobre quais cursos gostaria de ver oferecidos de graça. Essa ambição levanta uma questão inevitável: se houver uma universidade federal oferecendo cursos como Medicina, Psicologia, Administração e Ciências da Computação, ainda fará sentido a existência de uma instituição municipal que cobra mensalidades?

A estrutura da Furb funciona hoje como um argumento para convencer o MEC a fundi-la com a UFSC Blumenau numa nova universidade federal em Santa Catarina. Mas os blumenauenses precisam abrir o olho. Se não houver acordo e Blumenau perder o bonde, essa mesma estrutura pode virar um passivo imenso a ser pago por todos os contribuintes. Em última instância, é a prefeitura a dona da universidade.

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