Daniela Reinehr (sem partido) governou Santa Catarina como se fosse a titular no último mês e meio. Montou uma equipe, fez escolhas políticas, aproximou-se de prefeitos e entidades empresariais, visitou o interior e articulou em Brasília. Trocou secretários de pastas sensíveis, como Saúde e Infraestrutura, e negociou cargos de escalões inferiores por apoio político. Apesar disso, a governadora não reuniu poder suficiente para receber do Tribunal do Impeachment, nesta sexta-feira (6), a responsabilidade de assumir em definitivo.
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Na primeira interinidade, no fim de 2020, Daniela governou ciente de que Carlos Moisés (PSL) seria devolvido à cadeira. Mexeu em poucas secretarias centrais e cargos de confiança, passando recibo de que aquela era uma gestão temporária. Agora é diferente. A uma semana da sessão de julgamento, substituiu o secretário de Desenvolvimento Econômico nomeado por Moisés. Esforçou-se para exibir distinções entre ela e o companheiro de chapa, inclusive no rigor para apurar o destino dos R$ 33 milhões aplicados em respiradores que nunca chegaram.
Mas não se constrói um governo viável em tão pouco tempo. Nem se faz impeachment sem um governo viável para suceder o que derreteu. Pelas sucessivas tentativas de adiar o julgamento desta sexta-feira (6), o grupo de Daniela não tem o “sétimo voto” contra Moisés entre os 10 julgadores do impeachment. Há quase um consenso nos bastidores da política catarinense de que é mais fácil um desembargador mudar de voto, em benefício de Moisés, do que um segundo deputado condená-lo — além de Laércio Schuster (PSB).
Um único voto de desembargador pela absolvição praticamente encerra o jogo a favor do governador afastado. Se já está difícil fazer um dos quatro parlamentares mudar de ideia, dois seria missão impossível.
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Mas, como as votações anteriores demonstraram de maneira cabal, julgamentos de processos de impeachment podem seguir caminhos imprevistos. A poucas horas da sessão que definirá o futuro político do Estado, é com o imponderável que Daniela Reinehr pode contar.
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