Nenhuma cidade de Santa Catarina tem mais pessoas doentes de Covid-19 do que Blumenau neste início de julho. O maior município do Vale do Itajaí contava terça-feira (6) 1.308 casos ativos. Superava Joinville (1.294) e Florianópolis (570), mais populosos. Enquanto o resto do Estado observa queda nos números, o crescimento da pandemia gera preocupação no Vale do Itajaí. Pacientes em busca de testagem voltaram a formar filas na central da Vila Germânica.

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O aumento no contágio era pedra cantada. Uma projeção da Unimed Blumenau divulgada pela prefeitura no dia 25 de junho previa que em 6 de julho a cidade teria um pico de 1,6 mil pacientes de Covid-19 — isso no cenário mais otimista. A boa notícia é que o número não foi atingido. A má é que a nova onda ainda não parou de crescer.

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Chama atenção a tendência do gráfico de casos ativos (veja abaixo) do Vale do Itajaí na comparação com outras macrorregiões. Depois da onda violenta de fevereiro e março, a linha laranja mais escura, do Vale, mal baixa dos 4 mil casos e, em maio, retoma a direção de alta. Esse movimento descolou a região do resto do Estado. Mesmo o Oeste, que teve alta de casos em maio, observa redução desde a segunda quinzena de junho.

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Para a Secretaria Municipal de Promoção da Saúde, a política de testagem de Blumenau pode explicar a diferença, especialmente no inverno, quando aumenta a procura por atendimento. Na cidade, toda pessoa com sintoma de gripe é testada, mesmo que seja um só. Na maioria dos municípios, a testagem para coronavírus é solicitada somente quando há ao menos dois sintomas. De acordo com essa hipótese, haveria subnotificação nas demais regiões.

O infectologista Amaury Mielle diz que faltam dados epidemiológicos detalhados para analisar a diferença entre as regiões catarinenses. São muitas variáveis influenciando o contágio e os resultados das estatísticas oficiais. Ele cita cidades de perfis semelhantes e próximas que observaram movimentos completamente distintos na pandemia, como Araraquara, Rio Claro e São Carlos, no interior de São Paulo.

As diferenças entre as vacinas da Pfizer, Astrazeneca e Coronavac

— O que realmente importa é a dinâmica de cada cidade. Aí entra mobilidade, interatividade das pessoas, conscientização para as medidas de precaução, flexibilizações que acontecem nos municípios e também o tipo de variante que está circulando — explica.

Mielle destaca a importância em saber qual a variante de coronavírus predominante em cada região, informação que as autoridades municipais não dispõem com a agilidade necessária. Na avaliação do infectologista, aí pode estar a explicação para as alterações observadas nos perfis de pacientes internados em UTIs, cada vez mais jovens e com quadro de Covid-19 que evolui rápido.

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— Essa redução da faixa etária se explica pela cobertura vacinal, mas também entendo que tem muito a ver com o tipo de variante que a gente está lidando. A gente está vendo pessoas entrarem na UTI mais cedo, com quadro clínico mais grave, provavelmente indicando uma alta carga viral.

Conforme o boletim da Covid-19 de terça-feira, Blumenau tem 49 pacientes internados em tratamento intensivo nos hospitais e outros 63 em leitos de enfermaria.

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