O segundo pico da pandemia de coronavírus em Blumenau contaminou de vez a campanha das Eleições 2020. Sinal evidente foi a presença do prefeito e candidato à reeleição Mário Hildebrandt (Podemos) na live de quinta-feira (5). O evento oficial respondeu à crescente ansiedade dos eleitores sobre a possibilidade de medidas restritivas e ao avanço de adversários na questão mais sensível desta reta final.

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Após quase uma hora de defesa da gestão, se alguém ainda não havia compreendido a mensagem, Hildebrandt enfatizou, apontando para a frase que aparecia na tela:

— Qualquer notícia ou informação de lockdown em Blumenau é fake news.

Devem-se ao governo estadual e sua matriz de risco as limitações impostas a setores como ensino, casas noturnas, academias, cinemas e teatros. A prefeitura, garantiu, não pretende usar a prerrogativa de ampliar as restrições — ao contrário do que fez em junho e julho.

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Na quarta-feira, três oponentes haviam publicado vídeos em redes sociais criticando a gestão da pandemia em Blumenau:

— O prefeito tem que agir rápido, com medidas para evitar aglomerações no final de semana e à noite, senão nós vamos ter que fechar a cidade — disse João Natel (PDT).

— Precisamos investir em um ágil programa de testagem em massa e um sistema inteligente que mapeie, identifique e analise quem esteve em contato com pessoas infectadas, isolando apenas aqueles que estão sujeitos à doença — disse João Paulo Kleinübing (DEM).

— Não se combate um problema criando um outro problema. Me coloco ao lado dos comerciantes no sentido de não admitir o fechamento do comércio — afirmou Ricardo Alba (PSL).

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Eles apontam falhas na contenção da segunda onda e, de maneiras diferentes, sugerem que o governo voltará a fechar atividades econômicas. Nenhum defendeu que se fizesse isso.

> Blumenau protela medidas restritivas na segunda onda do coronavírus.

Live da prefeitura

Mário Hildebrandt não participava das lives sobre a Covid-19 desde agosto, justamente para evitar questionamentos quanto ao uso de canais oficiais para exposição própria. Se o fez, e no tom que escolheu, é porque a campanha percebeu risco no ar.

Parte dos blumenauenses pressiona por novos fechamentos. Outra parte, talvez mais numerosa, certamente mais barulhenta, considera o remédio drástico demais. No meio do tiroteio, a administração resolveu aguardar.

Blumenau computa mais de 180 casos novos diários, considerando-se a média móvel dos últimos sete dias. O número de internados em UTIs triplicou em relação a setembro. Sem novas atitudes, a tendência é o Médio Vale do Itajaí seguir o rumo da Grande Florianópolis, que já está no nível Gravíssimo da matriz de risco.

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Mais restrições virão, há poucas dúvidas sobre isso. Só não se sabe quando. A questão é qual será o preço que a contaminação eleitoral da saúde pública cobrará em vidas e prejuízo econômico.