Durante cinco meses o principal óbice à vacinação contra a Covid-19 em Santa Catarina foi a escassez de doses. Ainda não se pode falar em abundância no fornecimento de vacinas pelo Ministério da Saúde, mas o fluxo regular de entregas já permite a cada catarinense vislumbrar o período em que será imunizado. A aparente solução do primeiro problema, no entanto, torna evidente um segundo: a procura menor pela vacinação.

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Era de se supor que à medida em que as prefeituras baixassem a idade mínima haveria dificuldade crescente para gerenciar filas e agendas. Mas tem ocorrido o contrário. Em Blumenau, a vacinação dos idosos sobrecarregava o sistema de agendamento. Em poucos minutos mais de mil vagas eram preenchidas. Agora, é preciso quase um dia inteiro para encontrar 1,8 mil interessados, incluindo todos os grupos prioritários. Em Joinville, ao invés de diminuir a faixa etária ano a ano, a prefeitura deu saltos no processo para atrair mais gente. Brusque rompeu a barreira dos 50 anos de idade já no início da semana passada.

Em Florianópolis, o prefeito sinalizou com folga no trabalho e ônibus de graça para convencer mais pessoas a procurar a imunização. Não será surpresa se daqui a pouco as cidades lançarem mão de estímulos mais apelativos. Nos Estados Unidos, autoridades e empresas chegaram a oferecer cerveja aos vacinados.

É justa a preocupação. Meses ininterruptos de discursos irresponsáveis contra a vacina, endossados por ninguém menos que o líder da nação, deixaram muita gente receosa. Será necessário um esforço grande de comunicação e persuasão para dissuadir quem está convencido de que os imunizantes são inseguros ou não funcionam. E não se deve contar com a ajuda do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nisso.

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De nada adiantará cumprir os calendários de vacinação se, a cada faixa etária, milhares de pessoas ficarem para trás. No fim, o que importa é vacinar mais de 70% da população com as duas doses. Sem isso, o risco de novas ondas persistirá.

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