Ciclistas e motociclistas levaram a pior nos acidentes de trânsito de Blumenau desde o fim da fiscalização por radares portáteis e lombadas eletrônicas, em julho do ano passado. O número de acidentes com vítima entre agosto de 2020 e julho de 2021 foi 19% superior ao registrado nos 12 meses anteriores, chegando a 1.648. Bicicletas e motocicletas, veículos que serviram de alternativa ao transporte coletivo durante a pandemia, são protagonistas desse fenômeno. Por outro lado, a frequência de mortes em vias do perímetro urbano diminuiu.

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Mesmo sem a Oktoberfest e com festas noturnas limitadas por medidas restritivas, a partir do segundo semestre do ano passado o número de pessoas machucadas em acidentes de trânsito começou a crescer. Nos sete primeiros meses de 2021, a tendência de alta acentuou-se, superando os números pré-pandemia.

Acidentes com vítima são aqueles em que a Guarda de Trânsito desloca-se para atender as ocorrências. Quando não há ninguém machucado, a batida só é registrada se os envolvidos procuram o órgão oficial para fazer o boletim — esse tipo de episódio, que resulta apenas em danos materiais, diminuiu. Com isso, o total de acidentes em Blumenau entre agosto de 2020 e julho deste ano (2.621) ficou estável em relação ao período imediatamente anterior (2.613) e teve queda de 4% na comparação com 2018-2019 (2.731).

Ciclistas e motociclistas

A especialista em trânsito blumenauense Márcia Pontes observa que o fim da fiscalização dos limites de velocidade ocorreu no momento em que o serviço de ônibus urbanos estava seriamente limitado pelo coronavírus. Assim, mais pessoas recorreram a bicicletas e motocicletas para locomover-se ao trabalho ou à escola. A pandemia também estimulou os serviços de tele-entrega com motos.

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— Combinou a impunidade para quem desrespeita os limites de velocidade com mais veículos suscetíveis a acidentes graves nas ruas — avalia.

Apesar de o aumento estar concentrado nos episódios mais graves, o número de mortos não acompanha a mesma tendência. Foram 21 nos últimos 12 meses, cinco a menos do que entre agosto de 2019 e julho de 2020. O número de atropelamentos também diminuiu.

Para Márcia Pontes, as mudanças comportamentais ocasionadas pela pandemia tornam a análise dos números mais complexa. Mesma conclusão do secretário de Trânsito e Transportes (Seterb), Alexandro Fernandes. Ele concorda que a ausência da fiscalização de velocidade torna o trânsito mais perigoso, especialmente nos pontos em que as lombadas eletrônicas reduziam o risco de acidentes. E critica o discurso da “indústria da multa”:

— Quando ficamos sem a fiscalização, percebemos que precisamos dela em pontos estratégicos — afirma.

Em agosto do ano passado, a prefeitura lançou edital para instalar 70 lombadas. Mas as regras da concorrência foram questionadas na Justiça pela empresa que prestava o serviço até julho. Em setembro, o município cancelou o edital alegando que o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) havia publicado novas normas para o uso de limitadores de velocidade. Desde então, nada aconteceu.

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Alexandro Fernandes, que assumiu há duas semanas, afirma que solicitou um estudo técnico para indicar onde as lombadas são necessárias. Ele não deu previsão de quando uma licitação deve ser lançada.

Quanto aos radares portáteis, eles estão proibidos por lei municipal aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores e sancionada pelo prefeito Mário Hildebrandt.

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