Cerimônias oficiais que marcam o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil e em Santa Catarina, algumas com a aplicação pública das primeiras doses, são mais do que justificáveis. São necessárias ferramentas de comunicação, ainda mais no contexto de desinformação em que a pandemia está imersa.
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> SC recebe 144 mil doses para a primeira fase da vacinação contra a Covid.
Campanhas de vacinação historicamente contam com esforços de divulgação por parte dos governos. Elas ajudam a construir uma agenda positiva, em prol da saúde da população e, de quebra, contribuem para a imagem do líder político em exercício. É o caso do governador de São Paulo, João Dória (PSDB), que “furou” o Ministério da Saúde e promoveu a primeira aplicação de vacina no país. Governo estadual e prefeituras catarinenses já estão a postos para solenizar a largada da imunização.
Porém, mais do que potencializar a popularidade de governantes, estratégias de divulgação são essenciais para incentivar as pessoas a aderir às forças-tarefa de imunização. É assim desde os anos 1970, quando a ditadura militar adotou o personagem de animação Sujismundo para convencer os brasileiros a vacinar os filhos. À época, havia grande mobilização contra surtos de meningite. No fim dos anos 1980, veio o Zé Gotinha, usado (com enorme sucesso) contra a poliomielite.
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Famosos, como o sambista Martinho da Vila e o cantor sertanejo Sérgio Reis, participaram de campanhas contra o vírus H1N1. O médico Dráuzio Varella já foi chamado a espalhar bons hábitos de prevenção contra a dengue.
Políticos também sobem ao palco das vacinas com frequência. Em 2008, o então governador de São Paulo, José Serra (PSDB), fingiu vacinar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) numa cena montada para divulgar a imunização contra a gripe. Em diversos países, chefes de Estado fizeram o papel de garotos-propaganda da vacina contra o coronavírus. Casos do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, do presidente da Argentina, Alberto Fernández, do presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden, e da rainha Elizabeth II, da Inglaterra.
O próprio governo Jair Bolsonaro (sem partido), que acusa Dória de promover uma “jogada de marketing”, havia lançado o Plano Nacional de Imunização numa solenidade em dezembro, com direito a Zé Gotinha e discurso presidencial. Derrotado por Dória na corrida pela vacina, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, promoveu uma cerimônia para entregar carregamentos de vacinas aos governadores nesta segunda-feira (18).
Exageros midiáticos à parte, autoridades públicas precisam, sim, expôr-se neste momento. É hora de de enfatizar a segurança dos medicamentos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e estimular os grupos prioritários a proteger-se o quanto antes.
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Numa situação de crise, líderes precisam, por óbvio, liderar. Isso é fazer política? Claro que sim. Política de saúde. Se o trabalho resultar em vantagens para a população, é justo que renda dividendos eleitorais. Ganham todos.
Politicagem, no contexto do coronavírus, é sabotar a vacinação disseminando mentiras e fomentando medo. Uma situação em que a sociedade não tem nada a ganhar, só o sabotador.
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