Enquanto o país ocupa-se dos atentados explícitos de Jair Bolsonaro (sem partido) a eleições livres em 2022, o coronavírus trava silenciosa batalha pela sobrevivência em território nacional. Ainda morrem quase mil brasileiros por dia de Covid-19, mas os números em queda levam governantes a estimular comportamentos favoráveis ao vírus. O Brasil cumpre todos os protocolos para espalhar a variante Delta e prolongar a crise acreditando que o pesadelo acabou.
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São Paulo, o maior estado da federação, permitirá 100% de ocupação em estabelecimentos comerciais, sem horários de restrição, a partir do dia 17. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, já falou em comemorar o fim da pandemia em setembro, cogitou desobrigar o uso de máscaras em novembro e ensaia o retorno do público aos estádios de futebol. Santa Catarina age, para variar, de maneira dúbia: enquanto alerta para o risco da nova variante, flexibiliza o distanciamento em escolas e levanta a maior parte das regras para evitar aglomerações.
O governo federal acompanhou de braços cruzados a chegada de viajantes infectados pela Delta e pouco fez para monitorar a disseminação da variante nos estados. Ninguém tem ideia de qual a predominância do vírus mais agressivo nas diferentes regiões do país.
Pela terceira vez nesta pandemia, o Brasil observa ondas de contaminação afetando outros continentes e países como se nada tivesse a ver com o assunto. Deixa o coronavírus reproduzir-se — e modificar-se — entre os brasileiros, arriscando o esforço de vacinação não só daqui, mas do planeta inteiro.
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Mais transmissível e virulenta, a variante Delta tem infectado adolescentes e crianças em maior número, público ainda ausente da campanha de vacinação. Também rompe com maior facilidade a proteção estimulada pelas vacinas — embora quadros graves entre inoculados sejam observados em menos de 10% dos casos, segundo autoridades dos Estados Unidos.
Para impedir a formação de uma nova onda de contágio, o Brasil precisaria antecipar-se na prevenção, algo que se recusa a tentar desde março de 2020, e acelerar a cobertura vacinal, incluindo os adolescentes.
A experiência pregressa recomenda urgência.
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