O ano de 2022 ficará marcado como aquele em que o governo federal abriu mão de tocar a duplicação da BR-470. Ciente de que o Estado abrira os cofres para acelerar os trabalhos, Brasília lavou as mãos e terminará dezembro com o menor investimento na obra desde 2016, sem contar a inflação.

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De janeiro até agora, um total de R$ 67,6 milhões está empenhado, ou seja, carimbado para uso na rodovia. A quantia é 31% menor que os R$ 98,5 milhões de 2021 e supera apenas a desembolsada em 2016. No ano que combinou crise econômica profunda com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), só R$ 37,1 milhões ficaram com a BR-470.

Do dinheiro empenhado em 2022, o governo Jair Bolsonaro (PL) pagou de fato aos fornecedores apenas R$ 8,9 milhões. O valor restante poderá ser usado em 2023, o que já é um alívio, apesar dos cortes sucessivos.

Se o governo Jair Bolsonaro (PL) termina com promessas quebradas e obra pela metade, as perspectivas para 2023 tampouco são animadoras. O orçamento proposto ao Congresso prevê ainda menos dinheiro para a BR-470: R$ 58 milhões. Destes, R$ 2 milhões já estão a perigo, carimbados para corte.

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Durante a transição, representantes do futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falaram em recompor o orçamento depauperado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). A PEC da Transição tem uma parcela de R$ 23 bilhões a ser distribuída para obras e habitação, entre outras rubricas. Mas não está claro se a BR-470 será beneficiada.

Quanto ao Estado, R$ 175 milhões dos R$ 300 milhões prometidos para a duplicação já foram gastos. Outros R$ 42 milhões estão empenhados. O restante terá de ser liberado pelo governo de Jorginho Mello (PL), um crítico do uso de verbas estaduais nas rodovias da União que cortam Santa Catarina.

Por todas essas dificuldades, faz sentido a projeção de que a duplicação ficará pronta antes de 2027, feita pelo próprio DNIT em um documento interno revelado pela coluna na semana passada. Para o pessimismo não se concretizar, só com uma ação coordenada dos parlamentares catarinenses para direcionar emendas à BR-470. Ou uma reviravolta drástica no orçamento secreto que dê maior poder de fogo ao Executivo.

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