A atuação do governo federal na conservação e manutenção das velhas pontes da BR-470 são uma amostra do descaso com que o Vale do Itajaí é tratado. A rodovia tem um histórico de pontes com estrutura de dar medo. Recomenda-se pessimismo a quem espera solução rápida para o mais recente absurdo, em Pouso Redondo, onda a estrutura rachou interditando a estrada.
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Talvez muita gente ainda não tenha se dado conta do que está havendo. Por semanas, provavelmente meses, filas vão se formar nos dois sentidos da BR-470. Caminhões e carretas trafegarão pelo interior de ruas que não foram projetadas para comportar trânsito pesado. Pouso Redondo foi feita de refém.
Em 2009, por problemas estruturais agravados pela falta de manutenção, a ponte sobre o Rio Hercílio, em Ibirama, ficou em meia pista. Um pilar apresentou rachaduras e teve de ser consertado às pressas. Mas por pressa entenda-se mais de um ano. A obra arrastou-se. Caminhões ficaram impedidos de cruzar a BR-470 por todo esse tempo. Um prejuízo incalculável.
Há coisa de cinco anos, lideranças do Alto Vale do Itajaí cobram do Ministério da Infraestrutura a reforma de outra ponte próxima, entre Apiúna e Ibirama. Laudos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) de 2016 e 2020 classificaram a situação da estrutura como “Crítica”. Mas até agora nada de obra.
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Duas tentativas de licitação terminaram sem empresas interessadas. A ausência de desvios possíveis para o tráfego, a necessidade de trabalhar à noite e o orçamento defasado são apontados como motivos para o desinteresse das empreiteiras. A situação é emergencial, mas só passará a ser tratada como tal, ao que parece, quando a ponte rachar ou — bate na madeira — um incidente pior ainda acontecer.
Santa Catarina precisa ficar atenta. Mesmo depois de concluída a duplicação da BR-470 até Indaial, obra que levaria mais 10 anos sem os R$ 300 milhões doados pelos catarinenses ao Ministério da Infraestrutura, restará o trecho do Alto Vale do Itajaí em estado precário a ser administrado.
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