O retorno ao trabalho do Poder Legislativo no país, na quarta-feira (1º), provou que os parlamentares bolsonaristas radicais podem ser bons de voto, mas continuam tratados como tóxicos na política. Em Florianópolis e Brasília, os apoiadores mais empedernidos de Jair Bolsonaro (PL) não converteram votos em influência para formar maiorias, característica necessária para quem trabalha com política.

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Ana Campagnolo (PL), deputada mais votada de Santa Catarina, perdeu na última hora o posto de vice-presidente da Assembleia Legislativa porque a rejeição ao nome dela ameaçava a aliança que terminou vencedora. Foi substituída por Maurício Eskudlark (PL), com melhor trânsito na Casa.

Campagnolo nada de braçada nos algoritmos das redes sociais, onde quem gera ruído conquista maior alcance. O Parlamento, todavia, exige outras habilidades: diálogo, persuasão, respeito à divergência e disposição para ceder em nome da convergência. É sintomático que só Jessé Lopes (PL) e Sargento Lima (PL) tenham acompanhado a colega no voto de protesto contra a composição da Mesa.

No desfecho, a deputada terminou líder da numerosa bancada do PL, a mesma que não a respaldou quando partidos de esquerda pediram a saída dela da Mesa. A ver que liderança exercerá.

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Damares isolada

Na eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) almoçou o governo petista e levou o bolsonarismo de sobremesa. A aposta do núcleo duro do PL era o Senado, mas o ex-ministro Rogério Marinho esbarrou na dificuldade de atrair aqueles que não embarcam nas ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e condenam propostas de anistia aos agressores do 8 de janeiro. Perdeu.

Talvez a cena que melhor ilustre a situação foi flagrada pelo repórter André Borges, do Estadão. Durante a sessão que elegeu Rodrigo Pacheco (PSD), enquanto dezenas de senadores conversavam e formavam rodinhas para tratar da votação, a ex-ministra Damares Alves (PL) dedilhava o celular, sentada, sem que ninguém se aproximasse. A câmera vai e vem mostrando um clima de feira livre, e a senadora pelo DF permanece sozinha, deslocada.

O discurso radical que elege também isola.

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