Se quisesse conhecer uma cidade exemplo de combate à Covid-19 em Santa Catarina, o presidente Jair Bolsonaro deveria visitar Blumenau, e não Chapecó. É a opinião de dois vereadores blumenauenses manifestada na sessão da Câmara desta quinta-feira (8). Marcelo Lanzarin (Podemos), líder do governo, e Alexandre Matias (PSDB) foram à tribuna defender as políticas do município que, de fato, geraram resultados melhores que os da cidade do Oeste.

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O esforço dos parlamentares governistas reflete um incômodo do entorno do prefeito Mário Hildebrandt (Podemos) com o destaque dado por Bolsonaro a Chapecó. O presidente louvou o “tratamento precoce”, que não tem eficácia para impedir o agravamento da doença, e medidas emergenciais adotadas no pico da pandemia no Oeste, como a abertura de leitos de UTI e o uso de um centro de eventos para atender pacientes. 

Na opinião do governo municipal, tornada pública pelos parlamentares, Blumenau havia investido nos hospitais Santa Isabel e Santo Antônio, nos ambulatórios gerais e na central da Vila Germânica muito antes da situação chegar perto do colapso.

— Olhem só a oportunidade que o nosso presidente Bolsonaro perdeu de vir conhecer, sim, o modelo que é Blumenau — disse Matias.

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Marcelo Lanzarin comparou índices de mortalidade e letalidade, em que Blumenau tem posição de destaque no Estado e no Brasil. Conforme a coluna noticiou, um ranking nacional põe os resultados blumenauenses entre os 10 melhores do país, num comparativo com municípios de mais de 100 mil habitantes.

— Não quero desmerecer nenhum município, mas Chapecó tem praticamente o dobro de mortalidade que Blumenau — comparou Lanzarin.

Tratamento precoce

Logo em seguida às falas, o vereador Jovino Cardoso (Solidariedade), também governista, insistiu para que os vereadores fizessem uma reunião com o secretário de Saúde para sugerir a implantação do suposto “tratamento precoce” em Blumenau. A Câmara já aprovou uma audiência pública para debater o tema, ainda sem data confirmada.

A fala de Cardoso ajuda a explicar por que Bolsonaro preferiu Chapecó e o “tratamento precoce” de João Rodrigues (PSD) do que Blumenau e a frieza dos números. Apesar da montanha de evidências em contrário, inclusive no comparativo entre as duas cidades catarinenses, a narrativa de que o tal Kit Covid opera milagres mobiliza apoiadores, transforma políticos em heróis e dispersa argumentos e indicadores incontestáveis.

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Se até um vereador que defende a atual gestão de Blumenau ainda desconfia que Chapecó optou por caminho melhor, é porque repetir mentiras à exaustão, como faz Bolsonaro, infelizmente funciona mesmo.

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