A tentativa derrotada de criar um 13º salário para os vereadores de Blumenau provou que a sociedade local usa pesos diferentes para fiscalizar o poder público. É vigilante com o orçamento da Câmara, mas alivia quando o Executivo amplia gastos em cargos e gratificações de indicação política.

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No segundo semestre de 2022, o governo municipal criou novas despesas com cargos comissionados e funções gratificadas que somam R$ 2 milhões por ano. Esse valor é quase 10 vezes superior ao custo que o Legislativo teria para pagar o salário extra aos parlamentares. A folha de pagamento do Executivo engordou a conta-gotas, em projetos de lei aprovados pela Câmara sem despertar polêmica interna ou externa.

Tanto os gastos com funções políticas quanto o 13º foram noticiados pela coluna. Só a parte que toca os vereadores suscitou manifestações da comunidade organizada, como entidades empresariais e comunitárias, e críticas diretas aos vereadores nas redes sociais. O Executivo encontrou liberdade para aumentar custos com pessoal em diversas secretarias sem ter de justificar em detalhes a necessidade deles.

A fiscalização intensa da Câmara ajuda a explicar o porquê da cidade ter só 15 parlamentares, e não 23. Aqui não há recesso em julho, os vereadores recebem apenas 12 parcelas de subsídio e estão distantes de mordomias, auxílios e penduricalhos. A Casa é enxuta, se comparada com outros municípios de Santa Catarina e do país. Talvez até demais, mas não é esse o ponto.

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A questão é: não merece o Executivo tratamento semelhante, seja quem for o governante da vez?

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