A intervenção em tinta preta sobre o grafite que homenageia profissionais de saúde no muro da indústria Cremer, em Blumenau, rabisca a imagem que o blumenauense tem de si mesmo. Ironiza o comportamento local na pior pandemia da história da cidade, que já levou mais de 30 vidas e impôs sofrimento a dezenas de outras nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) dos hospitais.
Continua depois da publicidade
O “Covid-se” invasor, para alguns vândalo, na solene obra da artista Marcela Schmidt, é o sujeito sem máscara na rua, o encontro de amigos no fim de semana, o comerciante que não cumpre regras, é o templo cheio de gente orando em uníssono. É o negacionismo científico a sujar a cidade de Fritz Müller.
> Clique aqui para receber as últimas notícias de Blumenau e região pelo Whatsapp.
Representa o cidadão que vive no tempo europeu. Aplaudiu médicos e enfermeiros quando lá os aplaudiam. Mas quando os profissionais de saúde daqui realmente precisam de apoio, vai às redes sociais defender o “tratamento precoce” com hidroxicloroquina ou ivermectina e questionar medidas de isolamento social.
São mais de 200 os profissionais de saúde afastados por suspeita ou contaminação pelo coronavírus em Blumenau. Além dos 170 com sintomas nos três hospitais (sem contar trabalhadores de áreas administrativas, hotelaria, copa, gente indispensável, enfim), há outros 31 servidores da Secretaria Municipal de Saúde doentes. Falei sobre o assunto no Bom dia Santa Catarina, na NSC TV, nesta sexta-feira.
Continua depois da publicidade
Presumo que médicos e enfermeiros dispensem aplausos a essa altura. Querem mesmo é a população dentro de casa e autoridades e empresários liderando a única solução possível no momento, e não fazendo oposição a ela.
Neste fim de semana, isole-se. A pichação da Engenheiro Paul Werner simboliza o que nos tornamos como comunidade. É hora de pôr tinta fresca nessa parede.