Exigências de contrapartida do governo Jair Bolsonaro aos R$ 465 milhões oferecidos pelo Estado às rodovias federais marcaram a cerimônia simples em que o governador Carlos Moisés e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, formalizaram o acordo, quarta-feira (15), em Brasília. A bancada federal de Santa Catarina pediu que o valor investido em obras federais, como a duplicação da BR-470, seja abatido da dívida do Estado com a União. Também é esse o plano da Fazenda estadual.

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O tom das cobranças por parte de deputados e senadores foi amistoso, mas em público. E elas partiram de aliados do governo Bolsonaro em Santa Catarina.

— O próximo passo seria a gente ser ressarcido desse dinheiro, que a gente pudesse descontar da nossa dívida com a União. Seria uma justiça se isso acontecesse. O senhor poderia ser o nosso porta-voz para que a gente consiga isso — pediu ao ministro o senador Jorginho Mello (PL).

— Que esse gesto do governo Moisés faça com que, no próximo orçamento, nós sejamos aquinhoados um pouquinho mais do que seria o normal, até para mostrar para os outros estados que o gesto vale para alguma coisa. O senhor não pense que lá em SC é só elogio. Muita gente tem criticado o governador — cobrou o deputado Rogério Peninha Mendonça (MDB).

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Até o momento, não é isso que Brasília sinaliza para 2022. O orçamento enviado ao Congresso prevê apenas de R$ 85 milhões para a duplicação da BR-470, por exemplo. Só o Estado investirá R$ 300 milhões na rodovia.

A hipótese de abater valores da dívida do Estado é mais factível. O secretário da Fazenda, Paulo Eli, diz que até esta semana a prioridade era garantir o repasse dos recursos para acelerar as obras rodoviárias. Agora, o governo deve acionar o Ministério da Economia para abrir negociações.

— Vamos preparar a peça jurídica para iniciar as tratativas. Temos um excelente parceria com o Ministério da Economia e a Secretaria do Tesouro Nacional — estima Eli.

Uma resposta positiva do governo federal, de uma ou de outra maneira, é do interesse direto dos apoiadores de Bolsonaro em Santa Catarina. Sem uma sinalização do presidente, Moisés passará a ser visto, em ano eleitoral, como o principal responsável por obras que a União deveria executar.

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