No dia 17 de agosto o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, explicará ao Senado por que está sentado há dois meses sobre os R$ 200 milhões oferecidos pelo governo de Santa Catarina para a duplicação da BR-470. A depender do que disser, o governador Carlos Moisés (sem partido) pode retirar a contribuição, incluindo os R$ 100 milhões da BR-163 e os R$ 50 milhões da BR-280, e gastar os recursos em outro lugar.
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Uma vez que o impasse tem natureza político-eleitoral, e não técnica, há certa resignação no ar do Vale do Itajaí, como se o dinheiro já estivesse perdido. Pois aqui vai uma proposta de acordo para impedir que essa tragédia aconteça.
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Mesmo o leitor pouco familiarizado com o assunto pode concluir que razões técnicas jamais levariam um gestor público a recusar R$ 200 milhões para uma obra que, em sete anos de lenga-lenga, nunca teve dinheiro grosso como esse à disposição. Ninguém em dia com as faculdades mentais rasga dinheiro, afinal. O que impede o avanço das máquinas é a interpretação que o eleitor virá a fazer sobre a duplicação da BR-470 em 2022.
Em resumo é o seguinte: Moisés exige aplicar o dinheiro nos lotes 1 e 2, entre Navegantes e Gaspar, que podem ser entregues ainda no primeiro semestre do próximo ano. O governador deseja apresentar aos catarinenses uma entrega que justifique o aporte estadual numa obra da União e, óbvio, reforce a campanha à reeleição. Para isso, escolheu lotes adiantados, que serão entregues no próximo ano com ou sem a ajuda do Estado.
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O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), que é comandado pelo partido do senador Jorginho Mello (PL), passou a agir em contrário, exigindo que cada um dos quatro lotes, até Indaial, receba R$ 50 milhões, atacando os trechos mais movimentados. Essa opção pulveriza os recursos e torna menos tangível o apoio do Estado à duplicação. O que estiver duplicado em 2022 deverá ser creditado ao presidente Jair Bolsonaro e ninguém mais. Jorginho também pretende concorrer ao governo.
O que o Vale do Itajaí deveria articular até o dia 17 é a possibilidade de atender às necessidades técnicas e políticas de ambos os lados dessa disputa. Ou seja, aplicar o dinheiro em obras importantes e visíveis, mas localizadas nos quatro lotes. Basta selecionar cinco ou seis viadutos, pontes e acessos a municípios e carimbá-los como sendo responsabilidade do Estado. É fácil pensar em opções: o viaduto do Badenfurt, o acesso ao bairro Fortaleza, na antiga Dudalina, os acessos a Gaspar, os viadutos de Luiz Alves e Ilhota, ou a travessia sobre a BR-101, em Navegantes.
O DNIT já fez algo parecido quando ouviu a comunidade da região e priorizou o complexo da Mafisa e os trevos de Indaial. Seria uma forma de atender aos interesses de mais usuários da rodovia, de mais cidades e empresas ansiosas pelo desenvolvimento econômico que virá com as obras prontas.
Ao mesmo tempo, o governador teria melhorias importantes para apresentar aos catarinenses em troca da doação de R$ 200 milhões ao governo federal. Multiplique a Mafisa por cinco ou seis…
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Desde os anos 1970 uma obra rodoviária do Vale do Itajaí não recebe um aporte desse montante. A hipótese de perdê-lo tem de ser retirada da mesa de negociações.
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