Movimentos da campanha de João Paulo Kleinübing (DEM) nos últimos dias indicam que a disputa pela prefeitura de Blumenau nas Eleições 2020 pode estender-se além das urnas. Duas ações judiciais acusam o prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), que tenta a reeleição, de usar recursos do município na campanha, o que seria ilegal.
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Kleinübing obteve duas liminares que projetam suspeitas sobre condutas da campanha adversária. Numa, a juíza Simone Faria Locks proibiu o prefeito de aparecer nas lives sobre o coronavírus. Noutra, mandou a produtora de vídeo que atende tanto a campanha de Hildebrandt quanto a prefeitura parar de exibir imagens institucionais do município na propaganda eleitoral.
A segunda liminar é a que sugere maior potencial de dano futuro. Sinal disso é a ênfase da juíza no despacho:
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“A produção de imagens institucionais do Município de Blumenau e a utilização do mesmo material para a campanha política do prefeito candidato à reeleição é conduta vedada e caracteriza o abuso do poder político, já que há o uso da máquina pública”.
Esta não é a única acusação contida no material entregue à Justiça pelos advogados de Kleinübing. Eles também juntaram um vídeo com ataques ao candidato que seria obra da mesma produtora contratada por Hildebrandt — os metadados do arquivo delatariam a origem do material. Além disso, afirmam que o vídeo foi distribuído pelo Whatsapp de um servidor público comissionado.
Os argumentos reunidos tentam demonstrar que o prefeito estaria usando recursos da prefeitura na campanha, desequilibrando a disputa. Para avançar sobre essa tese, pede-se a abertura de uma investigação eleitoral. Neste caso, a juíza solicitou manifestações da defesa e do Ministério Público.
Se o pedido prosperar, um promotor passaria a conduzir a produção de provas para um possível processo contra a chapa por abuso de poder político. Isso se as denúncias ficarem em pé.
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A campanha de Mário Hildebrandt informou à coluna que as acusações são "ilações desprovidas de qualquer prova" e que em nenhum momento veiculou imagens de publicidade institucional do município.
Movimento de risco
Na semana passada, escrevi que a participação de Hildebrandt na live da última quinta-feira (5) fora um movimento de risco. Ele já havia sido criticado antes da campanha pela exposição frequente nas transmissões sobre a Covid-19. Um questionamento judicial era previsível. Após concedida a liminar, Hildebrandt informou não ter intenção de voltar às lives. Ele nem mesmo recorrerá.
De imediato, a frente judicial procura desgastar o líder na pesquisa mais recente e único candidato com chances de levar a eleição já no próximo domingo. Os efeitos dessa disputa nos tribunais, porém, podem prolongar-se até um eventual segundo mandato do atual prefeito.
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