Um pedestre atravessa a faixa devagar, um motorista desavisado atrasa a largada do semáforo, um ônibus freia de repente e obriga todo mundo a parar. Num piscar de olhos perde-se quatro segundos no trânsito. Mas Blumenau descobriu recentemente que esse tempo é suficiente para travar uma rua inteira.
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Foi na Namy Deeke, no Centro. Os controladores do tráfego municipal decidiram aumentar em oito segundos o tempo da sinaleira para quem espera para entrar na 7 de Setembro. Imaginavam que o tráfego da avenida maior poderia ser liberado por mais tempo.
— Logo no primeiro dia percebemos que não deu certo, trancou tudo. Então reduzimos a espera em quatro segundos, aí fluiu — relata o secretário de Planejamento Urbano, Éder Boron.
Esse ajuste fino é possível porque técnicos do município acompanham o pulso do trânsito de posição privilegiada, por meio das telas da Central de Controle Operacional (CCO). De lá, alteram remotamente a programação das sinaleiras.
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Na Ponte Adolfo Konder, a equipe da CCO descobriu que os motoristas da Ponta Aguda podiam esperar dois segundos a mais no semáforo sem agravar as filas. Por meio de um software de simulação, previu que a José Ferreira da Silva interditada melhoraria o fluxo de todo o Centro. Com a mesma tecnologia, agora a central testa mudança no acesso da Via Expressa ao Bairro Fortaleza.
Por enquanto, as experiências têm sido empíricas, erro e acerto. Com o tempo, espera-se que os dados acumulados sobre o comportamento blumenauense em trânsito apoie ações mais profundas de planejamento viário.

Multas
Para quem logo pensa em multa ao ver guardas fardados diante de telas, a CCO tem mais a oferecer. As 263 câmeras colhem dados da dinâmica de transporte municipal e apressam a resposta a ocorrências. Oito delas possuem detecção automática de incidentes, como acidentes ou caminhões quebrados trancando o fluxo. Nos próximos dias, a central será apresentada à população com ênfase, numa tentativa de diminuir resistências.
— Multar é uma coisa muito pequena diante da ferramenta que Blumenau tem nas mãos. O objetivo primordial é a gestão estratégica do trânsito — explica Alexandro Fernandes.
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Mas o sistema serve para fiscalizar, também. O foco principal são as barbeiragens que trancam o trânsito, como parar em fila dupla ou fechar o cruzamento.
Como é por dentro
Um telão com 6,35 metros de largura centraliza as atenções. Diante dele, está posicionada a arquibancada onde ficam espalhados computadores — o salão de pé direito alto, no primeiro andar da prefeitura, é o antigo plenário da Câmara de Vereadores. Ali trabalham os guardas de trânsito e, em breve, também servidores do Planejamento — são 14 estações ao todo. Há lugares reservados para a Defesa Civil e órgãos da segurança pública estadual. Logo ao lado fica um espaço para reuniões.
Bem no alto está a sala do Alertablu. Em caso de desastre, como uma enchente, toda a estrutura passa ao controle da Defesa Civil e do Grupo de Ações Coordenadas.
Privacidade
As portas da CCO são destrancadas por biometria. Só os servidores que trabalham lá, os secretários envolvidos, prefeito e vice têm acesso liberado. Há preocupação com a segurança dos dados e a privacidade das pessoas filmadas pelas câmeras.
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Segundo o município, imagens só são fornecidas, quando solicitadas, a investigações policiais, do Ministério Público ou da Justiça. As imagens em alta definição ficam armazenadas por apenas oito ou 10 dias.
Custo
A central custou cerca de R$ 14 milhões, com recursos do financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foram 14 contratos diferentes com fornecedores de equipamentos e softwares. Segundo a prefeitura, é por isso que a instalação demorou cerca de dois anos.
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