Um pedestre atravessa a faixa devagar, um motorista desavisado atrasa a largada do semáforo, um ônibus freia de repente e obriga todo mundo a parar. Num piscar de olhos perde-se quatro segundos no trânsito. Mas Blumenau descobriu recentemente que esse tempo é suficiente para travar uma rua inteira.

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Foi na Namy Deeke, no Centro. Os controladores do tráfego municipal decidiram aumentar em oito segundos o tempo da sinaleira para quem espera para entrar na 7 de Setembro. Imaginavam que o tráfego da avenida maior poderia ser liberado por mais tempo.

— Logo no primeiro dia percebemos que não deu certo, trancou tudo. Então reduzimos a espera em quatro segundos, aí fluiu — relata o secretário de Planejamento Urbano, Éder Boron.

Esse ajuste fino é possível porque técnicos do município acompanham o pulso do trânsito de posição privilegiada, por meio das telas da Central de Controle Operacional (CCO). De lá, alteram remotamente a programação das sinaleiras.

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Na Ponte Adolfo Konder, a equipe da CCO descobriu que os motoristas da Ponta Aguda podiam esperar dois segundos a mais no semáforo sem agravar as filas. Por meio de um software de simulação, previu que a José Ferreira da Silva interditada melhoraria o fluxo de todo o Centro. Com a mesma tecnologia, agora a central testa mudança no acesso da Via Expressa ao Bairro Fortaleza.

Por enquanto, as experiências têm sido empíricas, erro e acerto. Com o tempo, espera-se que os dados acumulados sobre o comportamento blumenauense em trânsito apoie ações mais profundas de planejamento viário.

Dados acumulados por sensores servem ao planejamento urbano da cidade
Dados acumulados por sensores servem ao planejamento urbano da cidade (Foto: Patrick Rodrigues)

Multas

Para quem logo pensa em multa ao ver guardas fardados diante de telas, a CCO tem mais a oferecer. As 263 câmeras colhem dados da dinâmica de transporte municipal e apressam a resposta a ocorrências. Oito delas possuem detecção automática de incidentes, como acidentes ou caminhões quebrados trancando o fluxo. Nos próximos dias, a central será apresentada à população com ênfase, numa tentativa de diminuir resistências.

— Multar é uma coisa muito pequena diante da ferramenta que Blumenau tem nas mãos. O objetivo primordial é a gestão estratégica do trânsito — explica Alexandro Fernandes.

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Mas o sistema serve para fiscalizar, também. O foco principal são as barbeiragens que trancam o trânsito, como parar em fila dupla ou fechar o cruzamento.

Como é por dentro

Um telão com 6,35 metros de largura centraliza as atenções. Diante dele, está posicionada a arquibancada onde ficam espalhados computadores — o salão de pé direito alto, no primeiro andar da prefeitura, é o antigo plenário da Câmara de Vereadores. Ali trabalham os guardas de trânsito e, em breve, também servidores do Planejamento — são 14 estações ao todo. Há lugares reservados para a Defesa Civil e órgãos da segurança pública estadual. Logo ao lado fica um espaço para reuniões.

Bem no alto está a sala do Alertablu. Em caso de desastre, como uma enchente, toda a estrutura passa ao controle da Defesa Civil e do Grupo de Ações Coordenadas.

Privacidade

As portas da CCO são destrancadas por biometria. Só os servidores que trabalham lá, os secretários envolvidos, prefeito e vice têm acesso liberado. Há preocupação com a segurança dos dados e a privacidade das pessoas filmadas pelas câmeras.

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Segundo o município, imagens só são fornecidas, quando solicitadas, a investigações policiais, do Ministério Público ou da Justiça. As imagens em alta definição ficam armazenadas por apenas oito ou 10 dias.

Custo

A central custou cerca de R$ 14 milhões, com recursos do financiamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Foram 14 contratos diferentes com fornecedores de equipamentos e softwares. Segundo a prefeitura, é por isso que a instalação demorou cerca de dois anos.

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