Você tem visto bugios nos últimos tempos?
Até o fim do ano passado, uma família com sete macacos cruzava a vizinhança onde moro quase que diariamente. A presença deles e de outros grupos numerosos era perceptível pelo rugido que ecoava entre os morros.
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Mas nos últimos meses, silêncio.
Relatos assim se repetem em diversas localidades do Vale do Itajaí. Personagens outrora comuns nas franjas da Mata Atlântica andam mesmo sumidos, e o motivo é a febre amarela silvestre.
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Bugios estão entre as espécies de macaco mais ameaçadas pela doença, que chegou com força a Santa Catarina no ano passado. Campanhas de vacinação ajudaram a reduzir o contágio entre humanos. Quanto aos bugios, pouco pôde ser feito. A mortalidade alcança mais de 90% dos infectados e não existe vacina.
Segundo o professor da Furb Júlio Cesar de Souza Júnior, coordenador do Projeto Bugio, ainda não é possível precisar o tamanho da mortandade. Seria necessário um aprofundado trabalho de campo, que a pandemia de Covid-19 tornou inviável.
O número de animais acidentados, seja por contato com a rede elétrica, ataques de cães ou atropelamentos, diminuiu. Até o último verão, eram três resgates por mês, em média. Desde março, apenas um caso foi registrado.
— Nosso medo maior é o próximo ciclo (de febre amarela) acabar com o que restou — lamenta Souza.
O último boletim da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) do Estado, de 1º de junho, aponta 40 casos confirmados em macacos e outros 59 em investigação nos 10 municípios do Médio Vale. Sem contar mortes ocorridas no interior da mata, que passam despercebidas.
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Entre os humanos, foram 13 casos na região.
Transmissão
Nunca é demais lembrar: bugios não transmitem febre amarela aos seres humanos. Eles são aliados no combate à doença, porque ajudam a identificar onde há surtos. Não importune os sobreviventes.