Eu andei me perguntando se o que eu faço nessa coluna não seria, talvez, filosofia. De uma forma humilde, rasa, mas mesmo assim filosófica. Mas é claro que, só de pensar, percebo a minha própria pretensão e contemporizo. Como sempre.
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“Lucas, você precisa gerar conteúdo que construa autoridade e ajude a vender o seu trabalho”, disse a minha vizinha patusca (referência clássica, à propósito, ao maior filósofo brasileiro, chamado Nelson Rodrigues. E se o leitor conhece o adjetivo que eu omiti, me escreva pois precisamos ser amigos).
Ouvindo o conselho dela (da vizinha), eu dou um nome profissional para a coluna: Estratégia Pessoal. E assim enquadro os assuntos que me tiram o sono ou que, simplesmente, eu gostaria de puxar na roda de conversa das banalidades.
Mas não posso negar, leitor: em frente ao espelho, ou no auge da insônia, eu me sinto, sim, um filósofo. Quem sabe um dos estóicos mais pobres de espírito. Quem sabe Nietzsche bem no início ou no fim da carreira. Eles faziam algo que eu também, humildemente, me esforço para fazer: ignorar questões metafísicas. O que importava, para eles, era refletir sobre como viver a vida da forma mais apropriada. Na ambição de se tornar melhor, mais forte – a ambição que nos resta.
Mas por que ignorar a metafísica? Filosofemos, então. Eu tenho uma resposta moderna que, sem exagero, salvou minha vida. Vá lá, mudou minha vida. Vamos a ela:
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Nossa capacidade cognitiva é limitada. Não dá para compreender o cosmos com as ferramentas que temos. Por isso, como bons símios melhorados, nos resta desfrutar da nossa própria consciência – ampla, porém limitada. E quem sabe explorar os limites dessa consciência, se é que o leitor me entende.
E apreciar esse filme de ficção científica em que vivemos. É o que temos nesse pequeno horário nobre da história – e isso é muito. É mais do que tudo. O certo seria passarmos os dias e as noites deslumbrados. Mas o universo (na falta de um termo melhor) é demais para a nossa cognição limitada. Demais a ponto de provocar calafrios e desespero – sintomas da própria limitação cognitiva, creio. Como um computador que esquenta e trava, impossibilitado de processar.
E assim sendo, é mais fácil pensar nos boletos e em tudo o mais que inventamos para evitar a estonteante contemplação do sublime.
E o leitor que me perdoe por mais um texto sem uma estratégia pessoal clara.