Para o cérebro. Quero dizer, é preciso ter um HD externo para a sua memória, para tirar as coisas da cabeça (não lembro de um título de um texto ser concluído ou explicado logo na primeira frase. Testei aqui).
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Aprendi isso no livro do David Allen, “A arte de fazer acontecer” (Getting Things Done, no original). O conceito mudou minha vida. Seu cérebro não foi feito para decorar informações, ou para lembrar coisas. Ele evoluiu num cenário em que a vida era por um lado mais simples (menos coisas para lembrar e para fazer) e por outro lado mais difícil (um esforço diário de sobrevivência). Logo, nosso cérebro aprendeu a identificar padrões, usar objetos como extensão do corpo, resolver problemas com criatividade. Sendo assim, para o contexto moderno de burocracias e compromissos, você precisa ter um local (HD externo) que armazene e ordene as informações – coisas que não somos naturalmente moldados para fazer.
Primeiro eu usei uma agenda tradicional, e foi revolucionário no contexto em que eu estava, anotando coisas só eventualmente em post its. O que eu não fazia no dia, eu riscava e remanejava para o dia seguinte. E fui criando divisões na página, alguns códigos de prioridade. Mas acontecia de eu não estar com a agenda, e esquecer de anotar um lembrete, uma ideia. Migrei para o computador, depois integrei com o celular, seguindo sempre a mesma lógica de anotar tudo.
Se a sua vida está uma bagunça, um dos principais motivos deve ser por estar usando o cérebro de forma errada. Outra analogia: seu cérebro é como um navegador web, como o Chrome ou o Explorer (lembrei do Netscape). Se você deixar muitas abas abertas, vai acabar esquecendo do que se trata cada uma. O problema: cada aba vai continuar usando espaço da sua memória. E lembrando que muita coisa está pendente e precisa ser feita.
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David Allen sugere como primeiro passo do método GTD que ele criou: durante um ou dois dias, anote tudo, absolutamente tudo que você tem para fazer. Numa folha de papel, coloque todos os planos, projetos, problemas, ajustes, dos mais ambiciosos (viajar para Machu Picchu) aos menos significativos (fazer uma cópia da chave).
É provável que você sinta um alívio imediato ao ver quase todas as suas obrigações, e quase tudo aquilo que você vem protelando, num local só, materializado (falo “quase tudo” porque algumas coisas você vai lembrar – e anotar – nos dias seguintes).
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Toda vez que escuto alguém falar “eu anoto porque minha memória é fraca” eu corrijo: você anota porque seu cérebro não foi feito para gravar informações de curto prazo. Nossa “memória RAM” é limitada, e em função do nosso instinto de sobrevivência, ela evoluiu para focar em uma coisa de cada vez (perseguir ou fugir exige toda atenção e energia).
Começar a anotar tudo foi talvez a maior mudança que eu já experienciei. Quem me conhece sabe que eu anoto tudo, e extrapolei a anotação diária de tudo que estou fazendo ou preciso fazer. Eu anoto sonhos e ideias, com pressa, antes que se percam para sempre no caos da mente inquieta.
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