O aprendizado que eu vou relatar hoje ocorreu de forma inesperada. Foi durante alguma leitura despretensiosa, em algum livro sobre filosofia zen, de algum passado não muito distante. Quem sabe eu fale mais sobre zen em algum momento. Mas não vai ser fácil, por causa de um paradoxo: o conceito “zen” não tem palavras exatas que possam descrevê-lo. É uma forma de ver o mundo e encarar a vida através de práticas e rotinas. Mas não tenho certeza.
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Enfim: sempre que faltam palavras, as histórias e metáforas nos ajudam a tentar chegar perto daquilo que não conseguimos descrever ou processar. Por isso, vamos à história.
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Algum sábio estava fazendo uma caminhada na floresta com seus discípulos. Ao passar por uma pedra grande, ele perguntou: “Aquela pedra é pesada?” Os pupilos se olharam e concordaram em coro: “Sim, sim, mestre, muito pesada!”. E o sábio, provando seu status de sábio, respondeu: “Ela só é pesada se você quiser carregá-la”.
Se você permitir a reflexão, essa breve história pode ecoar na sua lembrança em diversas situações. A mensagem me parece óbvia: quantas pedras pesadas você já carregou que nem precisariam ser carregadas? Seria tão simples, tão mais fácil ignorá-la. Mas você foi impulsivo, orgulhoso, tomou partido, serviu o chapéu, aceitou o desafio, comprou a briga: e sofreu as consequências.
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Mas o leitor teimoso vai questionar: vale a pena carregar algumas pedras pesadas. Algumas merecem, precisam ser carregadas. Ok, mas quais? Como você define qual pedra você carrega e qual você ignora?
Há alguns dias falei aqui sobre primeiro escolher as pessoas certas e só depois definir, em conjunto com essas pessoas, para onde ir. E eu sugeri que a melhor forma de escolher os semelhantes (as pessoas certas) é com base nos seus valores. E eu também falei que se você quer identificar quais são os seus valores, olhe para a sua agenda, e veja onde você está alocando o seu tempo. As suas prioridades materializam os seus valores. Você é e se torna cada vez mais aquilo a que você dedica mais tempo.
Leia também: Os opostos não se atraem: procure os semelhantes
Ou seja: me parece que uma forma de escolher qual pedra carregar é identificar se este fardo está inserido nas suas prioridades. É algo que vale a pena dedicar esforço e tempo, de acordo com seus valores? Se sim, uma segunda pergunta: o seu esforço vai contribuir para a melhora da situação? Ou a pedra é uma rocha imensa e o seu esforço, apesar de louvável (na sua opinião), será insignificante?
Vou parar por aqui. Sou conhecido entre os meus por uma certa indiferença radical a temas prioritários – inclusive prioritários para muitos entes queridos. Eles já perceberam que eu fiquei até um pouco irritante depois que decorei essa história. Alguém começa a relatar sua indignação com uma situação, e eu pergunto, com carinho: você tem certeza que quer carregar essa pedra?
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