Vamos imaginar que a sua vida é um ônibus. Você precisa definir para onde o seu ônibus vai. Mas, como todos nós, você nem sempre, ou quase nunca, sabe exatamente para onde quer ir. Ainda mais num cenário como o atual de tanta incerteza e mudança.

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Ao invés de tentar descobrir o melhor rumo, a melhor direção, há uma alternativa: primeiro encontrar as pessoas que você quer ter no seu ônibus. E só então, com elas, decidir para onde ir.

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O conceito é do pesquisador de empresas Jim Collins, talvez a maior referência das últimas décadas em negócios. Ele direciona a analogia para empreendedores: ao invés de buscar pessoas que acreditem na sua grande ideia ou objetivo (pessoas que queiram embarcar no seu ônibus), pode ser um caminho melhor achar o time certo primeiro, e depois definir o tipo de empreendimento que esta equipe vai construir.

Jim Collins vai além: não basta escolher as pessoas certas. Também é preciso que elas estejam sentadas no lugar certo. Ou seja: no seu ônibus, pode haver situações em que a pessoa quer ir para o mesmo lugar que você, compartilha os mesmos valores, mas o que ela está fazendo não é aquilo que ela sabe ou gosta de fazer. É preciso ajustar, ou ela não vai longe.

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Mas pode ser mais grave: o problema pode ser que você esteja com a pessoa errada no ônibus. Não que haja necessariamente algo de errado com ela. Mas existe algo incompatível entre a empresa e ela, ou entre você e ela – se o ônibus ao qual nos referimos é o da sua vida. E não é uma tarefa fácil: como identificar a pessoa errada no ônibus?

A melhor forma, creio, de fazer essa identificação, é a partir da compatibilidade de valores. A pessoa certa é aquela que se assemelha a você, ou à cultura da empresa. Valores compatíveis significam prioridades semelhantes: quando chegar o momento de tomar decisões, é bem maior a chance de elas aconteceram (as decisões) com uma concordância do time entre o que é mais significativo.

> Os opostos não se atraem: procure os semelhantes

Perceba a importância do tema: o ambiente de negócios é caótico. Pandemia, inovações disruptivas, instabilidade política e econômica – muita coisa pode acontecer, e o ônibus invariavelmente vai precisar de ajustes de rota. Se a sua estratégia foi construída pelas pessoas que você priorizou, é bem mais provável que estas mesmas pessoas, juntas, vão achar formas de contornar obstáculos. 

Mas se a visão de futuro não foi construída por todos, quem garante que os coadjuvantes estarão engajados para a mudança? O que você vai dizer para quem só está no ônibus porque estava querendo ir para o primeiro destino?

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Precisamos selecionar companheiros de viagem com base em valores e princípios em comum: são eles, no fim das contas, que vão definir os nossos rumos. E se você subiu no ônibus alheio, fica a reflexão: você sabe para onde esse ônibus está indo? Você quer ir para o mesmo lugar? Ou você não pensou nisso e é apenas um passageiro?

O meu aprendizado é simples: tentar sempre escolher primeiro quem vai comigo. Depois, juntos, a gente inventa alguma coisa legal. Afinal de contas, e no fim das contas, o que mais importa é o que acontece no caminho.

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