É uma frase do Millôr Fernandes, faz algum tempo que li: “Quão maravilhosas são as pessoas que não conhecemos bem.” Na época, lá atrás, eu achei graça na sacada do adorável Millôr. Até devo ter replicado a frase numa rede social que a gente usava na época, chamada Facebook (hilária essa).
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Depois ouvi falar do efeito aura, um fato psicológico. Melhor exemplo deste efeito: você encontra alguém famoso. E você se comporta de outra forma ao conversar com alguém que você admira, ou que reconhece como autoridade – não porque você quer, mas porque você não consegue agir naturalmente. Curioso isso: nossa personalidade varia dependendo da pessoa com quem estamos interagindo. E algumas pessoas têm o poder (quase um super poder) de fazer você não saber como se portar adequadamente.
Por isso, algo que funciona para marcas ou profissionais é a construção de autoridade. Robert Cialdini, que já esteve em Floripa, cita vários estudos que apontam que essa é a melhor forma de influenciar a decisão de alguém. Quando você é reconhecido como autoridade, as portas tendem a se abrir com mais facilidade. A confiança é imediata, anterior às ações. Pois há uma aura em torno de você que influencia a primeira impressão alheia.
E sabendo disso, podemos trabalhar forçosamente para uma manipulação da realidade. Exagerar os nossos feitos, e criar uma imagem falsa nas redes sociais, por exemplo. Mas não vou entrar nesse mérito. Você já deve ter ouvido bastante gente falando sobre isso.
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Já pretendo concluir com dois argumentos. O primeiro, já explorado: o quanto somos suscetíveis ao interlocutor nas interações. Se você for falar com alguém que você considera autoridade, famoso, ou de alguma forma “superior” a você, prepare-se para gaguejar. Logo após a interação, frustrado, você não vai entender o motivo de ter ficado nervoso. O que pode ajudar é ir preparado, com uma abordagem ensaiada para a situação.
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Mas este texto só existe por causa de um segundo argumento, que pretendo explorar em outro texto: se você olhar com atenção, vai encontrar maravilhas em toda interação. Quero dizer: se você olhar bem, arrisco dizer que todas as pessoas podem ter traços e histórias maravilhosas. Mas essa abordagem é mais difícil. Eu diria que é uma prática, uma habilidade a ser desenvolvida, que exige curiosidade e exploração. Em breve voltamos ao tema inserido no contexto de estratégia pessoal.
E para concluir, tem o oposto, tema desta reflexão, que é fantasiar sobre a grandeza de quem não conhecemos, algo automático em nosso comportamento. Dizem que, inclusive, temos um mecanismo no meio do cérebro que identifica autoridade. Peguei essa ideia do gigante Jordan Peterson: não se trata de uma criação do capitalismo ou da sociedade moderna: as hierarquias são elemento central da biologia, e está presente até em lagostas e galinhas. Mas no nosso caso, como animais sociais que somos, iludimos e somos iludidos pela percepção de grandeza que criamos. E eu considero essencial saber que isso existe – e que funciona. “Funciona”.
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