Após 10 anos de investimentos e pesquisas, a WaveTech, primeira fábrica verticalizada de aparelhos auditivos da América Latina, foi inaugurada em Florianópolis sexta-feira (16). Incubada no Celta, no parque tecnológico Alfa, a empresa abre com estoque de mais de 400 unidades e foca a popularização dos aparelhos, com preços a partir de R$ 1.500 por prótese. O objetivo é enfrentar a concorrência do exterior que oferece unidades a partir de R$ 4.000 ou mais.

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Os fundadores da empresa, engenheiros Guillaume Barrault (CEO) e Alexandre Ferreira, reuniram a equipe da fábrica, apoiadores externos e os primeiros usuários dos aparelhos para brindar o início das atividades.

Entre os convidados, o professor de engenharia mecânica da UFSC Júlio Cordioli, que colaborou com pesquisas, e o empresário do setor de tecnologia Walmoli Gerber Jr. que foi investidor anjo nos primeiros anos da WaveTech.

Também CEO da empresa, Barrault explica que uma das razões da demora no início de atividades foi a opção por fazer todas as peças, com tecnologia própria, para não ter risco de descontinuidade produtiva. O maior investimento unitário foi em injetora de R$ 500 mil.

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Além das aprovações necessárias em órgãos reguladores como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a demora ocorreu também porque a empresa fez tentativas para fornecer ao Sistema Único de Saúde (SUS), que não deram certo.

– A gente programou a produção para atender o Sus e fracassou por diversas razões. Aí, decidimos reconstruir a empresa, com uma equipe enxuta de alta qualidade e atuar no mercado privado – explica o CEO.

Como não foi possível evoluir fornecendo ao SUS, o plano da WaveTech é facilitar a oferta de aparelhos por preço acessível aos clientes privados. Para auxiliar nisso, abriu uma clínica em Florianópolis junto à fábrica, mês passado, que faz o atendimento e testa os aparelhos. O acesso é pelo portal da WaweTech.

Os cofundadores da empresa, Alexandre Ferreira e Guillaume Barrault
Os cofundadores da empresa, Alexandre Ferreira (E) e Guillaume Barrault (Foto: Estela Benetti)

Responsável mais pela área de tecnologia da empresa, Alexandre Ferreira diz que foi preciso muita persistência para não desistir nesses anos todos.

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– Foi uma dificuldade muito grande fazer um aparelho tão pequeno com muita tecnologia embarcada – afirma Alexandre Ferreira.

Agora com o produto no mercado, a WaveTech concorre com gigantes multinacionais da Europa e dos Estados Unidos, que faturam bilhões por ano. No futuro, a expectativa dos empreendedores é ter receita alta, mas com preço acessível para democratizar esses produtos. 

Cerca de 10% da população brasileira tem problemas de audição. A maioria é da terceira idade, embora crianças, jovens e adultos também têm necessidade de próteses auditivas. O atendimento do SUS não é suficiente para atender rapidamente as pessoas que necessitam desses produtos.