O empresário Zefiro Giassi, fundador e presidente da empresa Giassi Supermercados, foi eleito Personalidade de Vendas ADVB/SC 2023, principal prêmio do setor empresarial catarinense. O empreendedor se destacou pelas ações de marketing e vendas à frente das redes Giassi e Combo Atacadista, que integram o grupo que fundou há 63 anos, atualmente o 27º maior do setor no Brasil, que faturou R$ 3,3 bilhões em 2022.
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A revelação do nome de Zefiro Giassi como Personalidade de Vendas foi quinta-feira, na sede do grupo, em Içara, pelo presidente da ADVB/SC, Claiton Pacheco Galdino, que foi recebido pelo homenageado. Atualmente, o Giassi conta com 22 supermercados em Santa Catarina – 17 da rede Giassi e 5 da Combo Atacadista -, que oferecem mais de 7 mil empregos diretos e segue crescendo.
Segundo o empresário, os investimentos continuam. A próxima loja, da rede Combo Atacadista, será inaugurada este ano na cidade de Sombrio, Sul do Estado. Os planos incluem mais duas, uma em Florianópolis, na SC-401, e outra em Criciúma. Em entrevista exclusiva à coluna, ele fala ainda da vida como professor, da trajetória empreendedora, sucessão e de como cuida da saúde. Confira:
O que representa para o senhor, aos 90 anos, receber essa premiação de Personalidade de Vendas 2023?
Ser homenageado como personalidade de vendas do ano é muito gratificante e recebo com muito carinho, especialmente aos 90 anos, depois de várias manifestações de amigos. Essa honraria, para mim, é algo até emocionante. É uma certeza de que tudo aquilo que você planta, você colhe. Esse tempo de trabalho que a gente tem, a participação que a gente teve na sociedade, é uma alegria ser coroado com essa bela notícia de ser eleito empresário do ano.
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O senhor falou em tempo de trabalho, quantos anos faz que o senhor trabalha?
Estou com 90 anos e comecei a trabalhar aos 7 anos, então fazem 83 anos. Comecei como estudante, quando tive que trabalhar para completar as despesas com os estudos. E depois, aos 18 anos, trabalhei como professor, ajudando as crianças e interagindo com os pais dos alunos na comunidade, algo que me deu muita alegria.
E esse foi um aprendizado muito grande e que serviu muito à parte comercial, quando aos 27 anos partimos para o lado empresarial. Tudo faz parte de um crescimento pessoal, que a cada dia você faz algo diferente. E, acima de tudo, um sentimento de poder ser útil à sociedade, que sempre foi o objetivo da gente, de formar amigos e contribuir naquilo que é possível fazer.
Como foi quando o senhor decidiu largar o magistério para atuar no comércio?
Meu pai me emprestou o dinheiro para abrir o comércio, na época foram 100 mil cruzeiros, mas com a recomendação de que eu fosse muito criterioso no trabalho, porque ele não teria mais recursos para me emprestar e nem seria o meu avalista. E que também eu não poderia manchar o nome da família.
Quando fui contar para o padre Bernardo, da capela de São Rafael, na Terceira Linha (em Içara), onde eu ajudava a ministrar a catequese, ele não gostou muito, e me disse que eu deveria ter muito cuidado para não deixar de ser um bom cristão para virar um grande ladrão. Então isso me marcou muito, e eu sempre procurei pautar a minha vida pela retidão, com critérios, honrando sempre os compromissos e sempre procurando ajudar as pessoas, cultivando as amizades.
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Por isso que eu falo que tudo é possível quando se trabalha com seriedade, honestidade, transparência e a vontade de ajudar os outros. Tudo isso contribui muito para o crescimento de um negócio. Quem pensa em enriquecer roubando, achando que vai conseguir ter sucesso sem esforço, geralmente também acaba perdendo tudo muito fácil. Mas quem trabalha com seriedade, com retidão e transparência, pode demorar um pouco, mas no final acaba tendo sucesso.
O senhor sempre teve um jeito doce, carinhoso, de tratar com as pessoas. Isso veio do tempo do aprendizado como professor ou veio antes?
Isso eu atribuo muito aos meus nove anos de magistério, ensinando as crianças e as crianças ensinando para a gente. Aquela sinceridade, aquela transparência das crianças no ensina muito, e aquela vontade de crescer que se vê nos olhos de cada um. E depois, com a contribuição com os pais, aquela integração com as famílias, isso muito nos ajudou, E, certamente, o lado empresarial foi uma continuação desse tipo de trabalho que deu certo.
Como o senhor avalia o momento atual do grupo Giassi?
Nós vivemos 63 anos de crescimento. Felizmente, foi uma ascensão que tivemos sempre com os pés no chão, com muito cuidado, sempre cumprindo os nossos compromissos. E cada ano foi sempre com resultados positivos. E eu acredito na continuidade dos nossos projetos também no futuro.
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Embora eu saiba que a vida não nos permite mais muito tempo, eu sempre pedi a Deus que me permitisse que tivesse condições de trabalhar até o último dia. Por isso tenho que projetar qu o e tenho filhos, tenho netos, tenho bisnetos e, acima de tudo, 7 mil e poucos colaboradores e milhares ou talvez milhões de clientes que também gostariam de continuar comprando com a gente.
E os colaboradores também contando com o seu trabalho na empresa. Isso é alegria e aquilo que satisfaz a gente. Acho que é assim que quer viver todo empresário, não pensar só para si, mas pensar também do benefício que ele pode fazer para a comunidade.
O senhor falou em sucessão. Já decidiu quem vai ser o presidente da empresa quando, enfim, passar esse bastão adiante?
– Nós temos um conselho já formado que atua não muito forte porque, infelizmente ou felizmente, não sei como entender isso, a gente começou a empresa como uma família centrada pelo pai. Eu gosto de fazer as coisas, talvez isso até atrapalhe um pouco a sucessão.
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Mas estamos trabalhando fortemente nisso, delegando funções a cada um, e espero que a continuidade seja feita de forma segura. E espero que, na minha falta, não deixe de continuar com aquilo que a gente plantou, que tudo continue da mesma forma, valorizando o colaborador, valorizando o cliente, não esquecendo também do fornecedor, que sempre foi um grande parceiro nessa jornada.
Em toda essa trajetória, qual foi o momento mais difícil da sua empresa?
– Tivemos altos e baixos, mas sempre conseguimos superar os desafios. Acho que a época mais difícil aqui na parte empresarial foi na década de 1980, com aqueles vários planos, vários decretos, congelamento dos produtos, e isso preocupou muito a gente. Mas, graças a Deus, sempre colhemos resultados mesmo naquelas épocas difíceis, como se diz, transformando o limão em limonada, lutando por oportunidades que também nos fizeram crescer.
Porque é nas dificuldades que você tem que mostrar a sua capacidade. Eu acho que tem sempre os momentos mais difíceis, mas você tem que conviver de acordo com eles. No Brasil ou no mundo, nós sempre temos um dia diferente do outro. Temos que estar sempre preparados para transpor os momentos difíceis, porque os fáceis a gente sempre consegue levar.
E qual foi o melhor momento da empresa?
– Acho que todos os momentos foram bons. Hoje, talvez pela estabilidade que se tem. Na época quando começamos era 110% de dinheiro a juro, porque nós não tínhamos nada e ainda tinha dívida da casinha que eu tinha construído. E hoje a gente tem o prazer de poder administrar a empresa com patrimônio próprio.
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Independente do grande sócio que é o governo, do banco, mas isso é natural e obrigação de todos nós. Então acho que é tranquilo, a gente tem uma estrutura. Passamos por momentos um pouco inseguros, mas o Brasil é mais forte do que tudo e nós temos a certeza de que ainda é o melhor país para se morar. Nós acreditamos no hoje e no amanhã também.
Se o senhor fosse dar um conselho para um jovem empresário que está começando, o que o senhor diria?
– Ele precisa entender que todo começo é difícil, e que jamais a pessoa deve se envolver e fazer alguma coisa que não goste. Porque todo o trabalho feito com amor e naquilo que se gosta tem sucesso garantido. Saber que nada vem por acaso, nada cai do céu, e que tudo exige tempo, esforço e muito envolvimento. Se fizer isso, com certeza ele terá sucesso, não importa qual é o segmento.
Todos os segmentos são possíveis de se empreender, desde que bem cuidados, de não pensar em querer desfrutar dos benefícios antes de conquistá-los. Primeiro tem que conquistar e depois saber como usar. Tudo tem o seu tempo, depende da determinação de cada um.
Sobre o atual momento da sua empresa, vocês estão com 17 supermercados da rede Giassi e cinco lojas do Combo Atacadista. O plano de investimento para esse ano prevê alguma nova loja? Como é que estão os investimentos para este ano de 2023?
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– Além da loja de Tubarão, que nós inauguramos recentemente, nós estamos concluindo uma loja em Sombrio, estamos propensos a iniciar mais uma loja grande em Criciúma e também abrir uma loja em Florianópolis, na SC-401, que já era para estar pronta, mas algumas dificuldades burocráticas não permitiram nós iniciarmos ainda.
Esperamos que agora, em agosto, nós possamos começar essas duas lojas, em Criciúma e em Florianópolis. Esse é o nosso projeto a princípio, mas podem surgir outros. Essa loja do Combo Atacadista em Sombrio deve ser inaugurada em setembro, se tudo correr bem, com mais 250 novos colaboradores.
A de Florianópolis deverá ser maior, com mais ou menos mil novos colaboradores, e a de Criciúma também vai ser do mesmo porte, não diferente disso. Não serão todos empregos abertos por nós porque em cada uma dessas unidades temos as lojas de apoio, que alugamos e que são parceiras na geração de novos empregos também.
Como é que o senhor vê o futuro do setor supermercadista?
– Há um crescimento muito grande em todo o Brasil, e sabemos que os espaços estão sendo preenchidos. Cada vez mais nós temos que fazer uma operação bem administrada. A população não cresce na mesma medida do crescimento do número de lojas. Então, certamente, o mercado vai reduzir para cada um.
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Por isso, a prudência tem que ser feita também no crescimento, que não pode ser desordenado. Tudo tem que ser muito bem planejado para que possa dar certo, não adianta dizer que não teve sorte se você não planejou. Não tem como consertar um mau planejamento.
Vocês vão crescer mais na rede Combo ou na Giassi?
– No momento, estamos mais focando no Combo, porém o supermercado com certeza não vai parar. A modernização é cada vez maior, a automação também, isso tudo são inovações das quais temos que estar participando.
Mas acredito que vamos crescer mais no Combo, embora cada local se apropria para um segmento. Mas o Combo ultimamente tem sido o nosso maior foco. Para a loja de Sombrio, que nós pretendemos inaugurar em setembro, já estamos com todo o pessoal contratado e sendo treinado.
Como o senhor vê o cenário da economia brasileira e da economia catarinense para este ano?
– Acreditamos que o Brasil, com a potencialidade que tem, não podemos temer o futuro. Infelizmente, depende muito dos administradores. As coisas nem sempre são feitas da forma mais correta, mas acreditamos e confiamos no Brasil. Acreditamos que os nossos responsáveis façam o melhor para nós todos. Então não precisamos estar ali amaldiçoando a escuridão. Nós temos que enfrentar e fazer as coisas acontecerem.
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Eu gostaria de perguntar para o senhor sobre a sua atuação social. Um projeto que o senhor investiu aí na comunidade de Içara, a doação de terreno para construção do Santuário Sagrado Coração Misericordioso de Jesus.
– Sempre tivemos uma atuação forte na área social. Toda vez que precisava se construir uma escola ou abrir uma rua, nós doamos o terreno. Nunca gostamos de cobrar, para permitir esses investimentos necessários à comunidade. E no santuário, o que aconteceu foi que, como eu tive aqueles nove anos de magistério com muito carinho pela maneira como o povo de Morro Bonito me acolheu, resolvemos comprar uma área de terra que servisse para uma obra pública que viesse a beneficiar o crescimento da comunidade.
Tinha aquele terreno disponível, e o bispo quis construir um santuário naquela região. Nós doamos o terreno e, graças a Deus, com o apoio de muita gente, hoje temos o santuário funcionando. Isso nos alegra. Sabemos que não é só a nossa mão aqui. Teve o dinamismo de um reitor que esteve à frente dos trabalhos e a participação de todo mundo da comunidade de Içara, todos têm sido muito solidários. Não é só o apoio financeiro, todos têm participação no cerimonial, então é muito gratificante participar de uma obra que traz benefícios para toda a comunidade. .
O senhor está com 90 anos e ainda com muita saúde para tocar o seu negócio. O que o senhor faz para manter toda essa disposição?
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– O importante é estar preparado para o hoje e ocupar a cabeça com coisas boas. Isso fortalece o gosto pela vida. E eu tenho uma atividade física diária, é muito difícil eu passar um dia sem fazer algum exercício. Normalmente eu faço de 30 a 60 minutos de atividade física todos os dias. Eu também procuro me alimentar bem, não bebo e não fumo. Eu fumei durante 30 anos, e as sequelas que tenho no pulmão hoje são decorrentes daquela época de fumante, do cigarro que deixei 45 anos atrás.
Mas, hoje, eu durmo bem, procuro trabalhar sempre feliz, e a minha alimentação é bem variada. Sempre gostei muito de frutas, legumes e verduras, que são a base da minha alimentação, porque eu como muito pouca carne.
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