Após oito anos de trabalho na organização de informações sobre solo, altitude, clima, tipos de uvas e modo de cultivo, os vinhos de altitude de Santa Catarina conquistaram nesta terça-feira (29) o selo de Indicação Geográfica (IG) concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O reconhecimento é para vinhos finos, vinhos nobres, vinhos licorosos, espumante natural, vinho moscatel e o brandy (marca) de Santa Catarina. Hoje são mais de 300 hectares cultivados com diversas variedades de uvas que resultam em elaboração anual de 1 milhão de garrafas.

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Para a conquista dessa identificação, a entidade Vinhos de Altitude Produtores Associados contou com trabalho do Sebrae-SC, Epagri, Embrapa, Secretaria de Estado de Agricultura, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Associação dos Municípios da Região Serrana (Amures).

Para o presidente da Vinhos de Altitude – Produtores Associados, o vitivinicultor Humberto Conti, essa conquista do selo foi possível com o esforço conjunto, sob a coordenação do Sebrae-SC.

– É um reconhecimento de que produzimos um produto especial e de qualidade. Essa é uma grande conquista para Santa Catarina, diferenciando e mostrando o valor de nossos produtos – afirmou Conti.

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O diretor técnico do Sebrae, Luc Pinheiro, afirma que esse trabalho foi realizado em parceria com outras instituições e entidades com o objetivo de valorizar a gastronomia e a agricultura familiar catarinense. É uma forma de valorizar produtos típicos e tradicionais de diferentes origens do Estado. Segundo ele, essa certificação vai proporcionar uma maior valorização dos produtos no mercado, promover a cadeia produtiva da região, o turismo e o desenvolvimento territorial.

– Essa é a quarta Indicação Geográfica registrada em Santa Catarina, e conquistas como essa nos deixam muito orgulhosos, provando o valor que esse reconhecimento nacional e internacional tem para o desenvolvimento da economia local e para a sustentabilidade dos pequenos negócios – disse Luc Pinheiro.

Os vinhos de altitude, além de dinamizar um sistema agroindustrial que não estava presente fortemente no Estado, também estão motivando a difusão do enoturismo. Vinícolas com mais experiência na região já oferecem programas de turismo que atraem visitantes do Brasil e exterior. Com o selo de indicação geográfica, esse setor vai se fortalecer ainda mais.

O cultivo de parreiras viníferas e elaboração de vinhos de altitude na região começou em 1999, após pesquisas da Epagri mostrarem que vinhas europeias se adaptaram à região de São Joaquim e permitiram a produção de bons vinhos experimentais. Depois, dezenas de empresas de SC decidiram entrar no setor de vitivinicultura para diversificar atividades, aproveitando o frio da Serra Catarinense.

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A distinção de Indicação de Origem pelo INPI é para vinhos de altitude dos municípios de Rancho Queimado, Anitápolis, Alfredo Wagner, Bom Retiro, Urubici, Bom Jardim da Serra, São Joaquim, Urupema, Painel, Lages, Capão Alto, Campo Belo do Sul, São José do Cerrito, Vargem, Brunópolis, Campos Novos, Curitibanos, Frei Rogério, Monte Carlo, Tangará, Fraiburgo, Pinheiro Preto, Videira, Rio das Antas, Iomerê, Arroio Trinta, Santo Veloso, Treze Tílias, Macieira, Caçador, Vargem Bonita e Água Doce.

Com essa nova IG, Santa Catarina soma quatro reconhecimentos de produto de origem. Os outros são os Vinhos e Espumantes de Uva Goeth, dos Vales da Uva Goethe do Sul do Estado, a Banana da Região de Corupá por ser mais doce do que a média do país e o Queijo Artesanal Serrano, produzido nos Campos de Cima da Serra, especialmente em Lages. O Estado tem outros produtos que podem ter denominação de origem, para alguns dos quais está solicitando esse reconhecimento junto ao INPI. 

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