Empreendedor desde criança, quando, aos oito anos decidiu vender picolé na praia do Rincão, sul de Santa Catarina, o empresário Ricardo Faria, 48 anos, hoje é acionista principal de negócios bilionários no agro brasileiro. É fundador e presidente do conselho da Granja Faria, que tem sede em Lauro Müller, SC, e atuação nacional, com produção de 16 milhões de ovos por dia.

Continua depois da publicidade

Siga as notícias do NSC Total pelo Google Notícias

O número significa a liderança nacional no setor e rendeu a Ricardo Faria o título informal de “Rei do Ovo” do Brasil, que ele não simpatiza. Prefere ser reconhecido como um empreendedor. O outro grande negócio dele no agro é a Insolo, uma empresa agrícola que vai plantar na próxima safra 211 mil hectares no Nordeste.

Ricardo Faria é um dos migrantes que vieram quando criança para Santa Catarina. Mas há 10 anos reside em São Paulo em função dos negócios. Nasceu em Niterói, Rio de Janeiro e mudou com a família para Criciúma aos três anos de idade.

O pai, médico pediatra graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), veio para SC para atender doentes devido à enchente que alagou Tubarão em março de 1974. Gostou da região e decidiu morar no Estado. A esposa seguiu no Rio para concluir o curso de engenharia elétrica na UFRJ e, depois, mudou com o filho para Criciúma, onde ingressou no quadro da Celesc.

Continua depois da publicidade

Como o empresário catarinense Ricardo Faria se tornou o “Rei do Ovo” no Brasil

Liberdade de empreender

Um dos orgulhos de Ricardo Faria é nunca ter tido uma carteira de trabalho. Sentiu o gosto da liberdade de ser empreendedor ainda criança, quando decidiu pilotar o carrinho de picolé sem pedir autorização aos pais, na praia, durante as férias escolares. Mas eles não se opuseram.

— Eu ganhava cerca de um salário mínimo por final de semana. Aí pensei: não preciso trabalhar para ninguém. Vou trabalhar para mim. Não tenho carteira de trabalho até hoje — afirma ele ao revelar que poupou tudo o que ganhou.

Construção civil surpreende em Balneário Camboriú e ergue arranha-céu sem vigas

Quando viajou para fazer intercâmbio na Califórnia, Estados Unidos, com 15 anos, tinha planos de seguir a carreira do pai, ser médico. Mas ao encontrar naquela região uma destacada produção de frutas, mudou de ideia. Aí decidiu fazer agronomia e escolheu a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que era perto de casa.

Nessa fase, ele também pensava em ser industrial. O pai, paralelamente à medicina, havia aberto uma confecção. Aí, ainda estudante de graduação, ele assumiu a gestão dessa empresa do pai, acelerou o crescimento dela e montou uma confecção de uniformes empresariais.

Continua depois da publicidade

Uma rede de lavanderias

— No final da faculdade, decidi migrar da confecção para a locação. Ao invés de vender uniformes para a indústria, eu locava. Aí montei minha primeira empresa, que foi a Lavebras, que alugava roupas e lavava – destacou ele.

A primeira unidade da lavandeira foi em Capinzal, no Oeste de Santa Catarina, a segunda foi no Rio Grande do Sul e o negócio foi crescendo.

Quem é o bilionário mais rico de SC e o que ele faz

A Lavebras avançou no segmento, chegou a 70 unidades e passou a ser disputada por outros players do mercado. Em 2017, ele vendeu o negócio para a empresa francesa Elis (por R$ 1,3 bilhão, segundo informações da mídia).

De Harvard para a produção de ovos

Como parte dos clientes que atendia era do agro, em 2007 Ricardo Faria decidiu abriu uma granja de ovos férteis em Nova Mutum, no Mato Grosso, para atender a Perdigão. Mais tarde, em 2013, comprou a Avícola Catarinense em Lauro Müller e transferiu a sede jurídica da Granja Faria para o município, onde está até hoje.

Continua depois da publicidade

Após a venda da Lavebras, Ricardo Faria deu uma parada no trabalho e foi em busca de novas ideias em curso na Universidade de Harvard, nos EUA. Daí, concluiu que poderia seguir no agronegócio e investir em um setor de “cauda longa” (que significa venda de várias coisas com baixa procura, ao invés de poucas coisas com alta procura).

Com sede em SC, maior produtora de ovos do Brasil compra concorrente paulista

A escolha foi ampliar de forma exponencial e com inovação o negócio que já tinha e dominava as tecnologias, que é a produção de ovos. Expandiu a produção de ovos férteis e, principalmente, daqueles destinados ao consumidor final.

O crescimento acelerado nos últimos seis anos, que culminou com a produção de 16 milhões de ovos dia, foi em função de aquisições de outras empresas, M&A (na sigla em inglês).

Até agora foram 11 aquisições. A última, da Takayama Alimentos, de São Paulo, realizada em 29 de junho deste ano, elevou a produção da Granja Faria de 13 milhões para 16 milhões de ovos dia, um acréscimo de 23%.

Continua depois da publicidade

A empresa conta um plantel de 20 milhões de aves em 24 granjas das quais três são em Santa Catarina. A sede em Lauro Müller, uma em Herval d’Oeste e outra em Palhoça, às margens da BR-101, na Grande Florianópolis.

Por que o setor de alimentos da Itália aposta no mercado brasileiro

Essa unidade de Palhoça produz com a marca Ares do Campo. Entre as marcas da Granja Faria estão, também Ovos Josidith, Marutani, Granja Stragliotto, Asa e Iana Alimentos. A produção de ovos inclui os tipos comuns, caipiras e orgânicos.

Mercado internacional

Do total produzido, Ricardo Faria informa que 2 milhões de ovos por dia são destinados ao mercado internacional e 14 milhões ao mercado interno. Para o exterior, vão 1 milhão de ovos férteis, aqueles que em 21 dias vão gerar pintinhos. E os demais são ovos para consumo, in natura, resfriados, salgados ou em pó.

Continua depois da publicidade

SC domina ranking de bilionários da indústria brasileira; veja lista

Conforme o empresário, cerca de 15% da receita total vem das vendas externas. Os ovos férteis são enviados de avião para o Oriente Médio, a países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã. México, África, Costa do Marfim e Senegal também importam. No Japão, a Granja Faria vende ovos resfriados. Esses têm duração de 90 dias por isso podem ir de navio.

Como optou pela estratégia de crescer rápido, com aquisições, as duas maiores empresas do grupo que têm Ricardo Faria à frente já somam números grandiosos. A Granja Faria vai fechar o ano com faturamento de R$ 3 bilhões e a Insolo, de R$ 2 bilhões. Ao todo, são 2,5 mil empregos diretos e 1.500 indiretos.

Entre os novos negócios do grupo Granja Faria está uma rede de fast-food na qual a proteína no sanduíche é ovo. Conta com uma loja no Itaim Bibi, em São Paulo, outra em Nepomuceno, Minas Gerais, e serão abertas mais duas em São Paulo.

Aviões e esportes

Como tem negócios em diversos estados do Brasil nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, as empresas controladas por Ricardo Faria têm dois jatos para o deslocamento do empresário e demais executivos. Mas, boa parte do tempo ele fica em São Paulo, onde está a sede administrativa do grupo.

Continua depois da publicidade

A história do macaco de Balneário Camboriú que virou o rei do skate e do estilo

Aberto para falar sobre os negócios, incluindo a maioria dos números, Ricardo Faria é discreto para falar algo pessoal. Questionado se já é bilionário, se já saiu na lista da Forbes, ele disse que não fala sobre patrimônio próprio.

Estrategista e centrado no trabalho, ele disse que acorda às 4h da madrugada para fazer academia e depois trabalhar cedo. Vai até perto das 20 horas e, depois costuma dormir cedo. Mas vale destacar que horário de trabalho na empresa tem recebido atenção.

— A gente respeita os horários de trabalho. Tínhamos uma equipe que trabalhava das 8h da manhã até às 4h da tarde. Aí, a gente inverteu esses números. Passou a ser das 4h (da madrugada) às 8h da noite — disse ele, observando que era brincadeira.

Além da academia de madrugada, Ricardo Faria gosta muito de praticar esportes. Joga tênis e beach tennis, atividades que são acompanhadas pelos dois filhos adolescentes, um de 13 anos e outro de 12 anos que, segundo o pai, também “são superesportistas”.

Continua depois da publicidade

Qual o tempo médio para abrir empresa em SC e quais as cidades mais rápidas

Questionado se no ano de 2024 a Granja Faria seguirá com crescimento acelerado por meio de aquisições, o empreendedor disse que, a princípio, a projeção é de um crescimento de 10%.

Isso é o dobro do que a média nacional e a expectativa é alcançar pela maior projeção das marcas da empresa. Significa que, por enquanto, não está prevista uma série de aquisições na agenda do próximo ano.

Publicidade

Além de muita informação relevante, o NSC Total e os outros veículos líderes de audiência da NSC são uma excelente ferramenta de comunicação para as marcas que querem crescer e conquistar mais clientes. Acompanhe as novidades e saiba como alavancar as suas vendas em Negócios SC

Leia também

Maior rede de supermercados de SC abre 150 vagas de emprego

As 3 cidades de SC onde ficou mais caro comprar imóveis no último ano