Desde o início de julho, quando recebeu a autorização do Banco Central para atuar como corretora, a EQI Investimentos, que tem sede em Itajaí, Santa Catarina, amplia a oferta de serviços de forma acelerada. Neste sábado, lançou o seu banco digital para pessoas físicas, que começou atendendo primeiro os mais de mil colaboradores da empresa.
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A novidade foi adiantada pelo CEO Juliano Custodio, na Money Week, evento de finanças realizado pela empresa nesta sexta-feira, no Expocentro Balneário Camboriú. O banco de investimentos, o EQI Partners, já está em operação desde julho. A prioridade é atender médias empresas, com financiamentos na faixa de R$ 20 milhões a R$ 150 milhões.
Na nona edição da Money Week, a EQI aproveitou também para projetar novos serviços como M&A (fusões e aquisições) por meio do banco de investimentos e uma nova área para consórcios.
Parceira do banco BTG Pactual, a EQI contou com o economista-chefe da instituição, Mansueto Almeida, como palestrante no evento desta sexta. Também fizeram palestras o ex-presidente da Disney, Dan Cockerell, e Custodio.
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Engenheiro eletricista graduado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Custodio mudou para Santa Catarina em 2004 e, em 2008, fundou a EQI em Balneário Camboriú, que se tornou uma das maiores empresas de investimentos do Brasil, com 12 escritórios e mais de mil profissionais de finanças. Confira a entrevista a seguir:
A EQI Investimentos recebeu no começo de julho autorização do Banco Central para atuar como a corretora os valores. O que muda para a empresa em função disso?
– A gente tem uma relação super boa com BTG Pactual, um grande parceiro nosso. Mas o que muda é que, a partir de agora, legalmente, nós somos o dono do cliente. E isso traz uma vantagem. A empresa passa a ter um valor maior, mas também responsabilidades maiores. O nível de regulação da empresa aumenta e as responsabilidades também.
A gente procurou uma custódia, um serviço mais seguro para os nossos clientes. Mantemos a custódia dos clientes no BTG, mas a gente é responsável pelas operações dos clientes no dia a dia.
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A vantagem é que, a partir de agora, eu posso colocar produtos na minha prateleira, à minha escolha. Então, há pouco (durante a Money Week), eu estava no estande da nossa empresa EQI Partners entregando um tombstone (marco) para a Melchioretto Sandri, uma construtora aqui da região. A gente emprestou R$ 42 milhões para eles.
O banco de investimentos da EQI já está fazendo operações?
– Sim! A gente estava trabalhando o banco de investimentos em parceria com o BTG. Mas, a partir do momento que a gente tem a nossa corretora, podemos ser, nós mesmos, o banco de investimentos. A gente já concedeu R$ 700 milhões de crédito este ano.
A gente financiou uma usina de energia solar, uma empresa de biofertilizantes, uma operação de criação de gado e quatro construtoras. A gente está trazendo um banco de investimentos para Santa Catarina. Isso é mais desenvolvimento para o Estado.
E o banco digital, para pessoas físicas, quando vão lançar?
– Vamos lançar nosso banco digital neste sábado, para pessoas físicas. Na primeira arrancada, vamos lançar para os nossos funcionários. Vamos rodar uma semana só com os funcionários. Se der problemas, é mais fácil corrigir (risos). Temos 1.040 funcionários no Brasil. Estamos em oito estados, 14 cidades. Quando o banco estiver bem legal, vamos lançar para o público.
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Vamos oferecer tudo. Cartão de crédito com cashback de IOF para compra internacional, sala VIP, milhagem com a Livelo. A bandeira do nosso cartão será Mastercard, com todos os benefícios do cartão black. Então, o banco de investimentos a gente lançou junto com a corretora e, agora, a gente lança o banco digital.
Qual será a prioridade do banco de investimentos?
– Trabalhamos com CRI, CRA (títulos de renda fixa de créditos privados) e debêntures. A gente entrega dívidas (fazer financiamentos) de mais de R$ 20 milhões de reais. Menos do que isso a gente não tem estrutura para fazer ainda.
Parece engraçado, mas uma dívida de R$ 1 milhão ou de R$ 2 milhões dá o mesmo trabalho do que uma de R$ 200 milhões. Só que sobra menos juros para pagar os funcionários. Então, a gente precisa fazer a partir de R$ 20 milhões. Somos competitivos nesses financiamentos.
Para fazer empréstimos para financiar uma usina, construir um prédio, montar criação de gado nós somos competitivos. Somos bons no middle market (empresas de médio porte).
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Esse é o crédito estruturado de longo prazo que os bancões não querem, de R$ 20 milhões a R$ 150 milhões. Esse é o mata-burro do mercado de crédito hoje. Até R$ 20 milhões você consegue crédito clean, de curto prazo.
Mas de R$ 20 milhões a R$ 150 milhões, você tem que começar a fazer créditos estruturados e os bancões não gostam de fazer porque para eles esse ticket é pequeno. É o mercado em que a gente está entrando.
Então, vocês vão focar médias empresas em todo o Brasil?
– Sim, o mercado de médias empresas, para investimentos, com atuação em todo o Brasil. Já fizemos operações de crédito para Goiás, Mato Grosso, Recife, Rio de Janeiro e fizemos mais de seis operações em Santa Catarina. É um processo todo virtual.
Estamos financiando os nossos clientes empreendedores. Eles têm o dinheiro na pessoa física com a gente. Aí emprestamos na pessoa jurídica. O que têm na conta física fica como reserva.
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A gente tem esse colateral do dinheiro da pessoa física dele, mas também a gente arrola garantias como terrenos, a própria fábrica ou um recebível que a pessoa tenha.
Por exemplo, para uma empresa (do agronegócio), a gente pegou como garantia um contrato dela com a Marfrig. Usamos a terra mais o contrato e fiz o empréstimo de R$ 42 milhões para ele ampliar a produção.
O quem mais vocês estão oferecendo a partir da decisão do Banco Central?
– A gentecomprou uma boutique de M&A (fusões e aquisições, no termo em inglês). Começamos a dar crédito para as pessoas e descobrimos que o crédito deles, muitas vezes, é para comprar outros negócios.
Não temos uma tradição de boutique de M&A aqui no Sul. Ou as que têm não são tão estruturadas. Então, decidimos montar a boutique de M&A para pegar a esteira inteira e ajudar o empreendedor do início ao fim.
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Então, essa é outra novidade que estamos lançando na feira Money Week. Comprei uma boutique tradicional em São Paulo, que se chamava Rosenberg, para atuar aqui no Sul. A gente transformou em EQI Partners.
Vocês entraram também em consórcios. Qual vai ser a ênfase nesse setor?
– É a área que o Cauê Ostetto (um dos sócios da EQI) está cuidando. Quando a taxa de juros está alta, o financiamento imobiliário fica caro. Aí, as pessoas procuram consórcio, que acaba sendo uma fonte mais barata de financiar o imóvel.
É óbvio que o consórcio depende da sorte, mas você já força a fazer uma poupança pelo menos para comprar o imóvel. Em época de juro alto consórcio costuma crescer bastante. Então, a gente incluiu essa vertical de consórcio na empresa também.
O que receberá mais atenção agora?
– Acredito que vamos avançar nessas dinâmicas de banco agora. Continuamos muito fortes em investimentos. A gente continua mantendo uma prateleira bem diferente de produtos, mais locais e regionais. O que acontece, muitas vezes, como a Faria Lima não sai de São Paulo, não conhece as regiões.
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Existem muitas empresas regionais com balanços muito fortes. Mas por nunca terem feito crédito, por não terem balanços auditados, são consideradas empresas high yeald (alto rendimento), isto é, pagam muito juro porque não oferecem tanta segurança.
High grade são as empresas que têm bastante segurança e naturalmente pagam menos juros. Temos muitas empresas pelos interiores do Brasil que têm balanços muito fortes e muitas garantias. Se todo mundo conhecesse elas, seriam high grade, mas acabam sendo high yeald.
Então, a gente está construindo com essas empresas um histórico de crédito. Ao mesmo tempo, enquanto são criados esses históricos de crédito, os nossos investidores conseguem comprar crédito CRI, CRA, debêntures de empresas com balanços muito bons e taxas muito atrativas de rentabilidade.
Para os investidores de um modo geral, hoje, está muito atrativo poupar e investir?
– Está bastante atrativo. A renda fixa está muito boa. Os créditos privados estão dando muito dinheiro. A gente fez algumas distribuições de CDI mais 6, CDI mais 7, IPCA mais 10. Então, é muita rentabilidade. Essa curva começou a fechar agora e a gente acredita que o novo grande negócio para investimentos serão os fundos imobiliários. É aí que as pessoas vão ganhar mais dinheiro nos próximos seis meses, nove meses.
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Vocês vão ampliar a equipe da EQI? Em quantas pessoas?
A gente tem contratado. A gente está com 1.040 pessoas. Estamos contratando uma média de 30 pessoas por mês, principalmente em Balneário Camboriú e Floripa.
Qual é o perfil desses profissionais?
– São jovens, maioria engenheiros, muito recém-formados. A gente prefere pessoas das ciências exatas porque temos um método bem cartesiano de fazer as coisas. A turma de exatas se dá melhor, mas não contratamos somente pessoas de ciências exatas.
Você veio da engenharia também…
– Sim. Sou engenheiro eletricista de formação. Me formei em engenharia elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Também fiz graduação de matemática, mas não terminei porque comecei a trabalhar em banco e não deu tempo.
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