Com a estreia quarta-feira, em Brasília, da quinta geração da telefonia móvel, conhecida como 5G, para os usuários em geral, a expectativa é ver evolução também no uso empresarial, em especial na indústria 4.0, de automação. Essa aplicação, no Brasil, está no mesmo nível que nas indústrias de outros países, ainda na fase de pesquisa e desenvolvimento (P&D), afirma o diretor de Negócios Digitais da WEG, Carlos José Bastos Grillo.

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A multinacional de Santa Catarina tem uma fábrica 4.0 na matriz, em Jaraguá do Sul, onde testa tecnologia 5G para processos industriais desde o primeiro semestre de 2021. A primeira fase da pesquisa, concluída em julho do ano passado, foi em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para fornecer dados à regulamentação do 5G no país.

Além disso, a empresa acompanha a evolução industrial em diversos países onde tem fábricas e o 5G chegou um pouco antes. Nesse grupo estão os Estados Unidos, Alemanha, Áustria e China.

Conforme Grillo, as indústrias desses países estão na mesma fase de testes que a brasileira. Ele avalia que há um equilíbrio também para oferta do 5G aos consumidores. Os EUA, por exemplo, fizeram o lançamento nacional, como esse de quarta-feira no Brasil, há apenas seis meses.

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Carlos Grillo, diretor de Negócios Digitais da WEG
Carlos Grillo, diretor de Negócios Digitais da WEG (Foto: WEG, Divulgação )

Considerando as pesquisas feitas até o momento na sua fábrica, a WEG apurou que a rapidez do 5G traz ganhos para alguns processos industriais que dependem de latência baixa. O que está em sintonia as tendências do mercado, como uso para cirurgias à distância e veículos autônomos. A empresa também concluiu que o custo das tecnologias disponíveis ainda é inviável economicamente para o setor produtivo.

– A gente percebeu que a baixa latência é muito útil para processos automatizados. O computador precisa tomar uma decisão e já agir, como abrir uma válvula, fechar uma válvula, movimentar um dispositivo, uma garra. A gente testou vários desses processos – disse Grillo.

– Quando a decisão está do lado da máquina, não tem grandes diferenças para o 5G. Mas à medida que a gente começa a ter a possibilidade de baixa latência, a gente começa a mover essa decisão para um outro lugar, para um computador maior, para um outro local dentro da WEG. Essa foi uma vantagem que percebemos – complementou o diretor.

A baixa latência – diferença de tempo entre o estímulo e a resposta a esse estímulo – é uma das principais vantagens do 5G. A outra, é poder conectar diversos dispositivos num mesmo equipamento.

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Segundo o diretor, com o wi-fi que é usado hoje na WEG (4G), um comando para um robô costuma demorar 120 milissegundos para realizar uma tarefa. Mil milissegundos correspondem a um segundo. Com o 5G, a demora no comando de robôs caiu para 10 milissegundos, o que corresponde a uma velocidade 10 vezes menor.

– Mas o custo pela falta de escala para fornecimento de tecnologia para indústria ainda não compensa. Os ganhos serão promissores à medida que, do ponto de vista econômico, o 5G tiver mais demanda – avalia o diretor, ao destacar que alguns equipamentos custam 10 vezes mais do que os da tecnologia atual.

Segundo ele, na fábrica experimental, parte dos equipamentos 5G utilizados inicialmente foram substituídos por outros. A WEG está pesquisando o uso dessa tecnologia para fornecer ao mercado. O primeiro cliente é uma usina de açúcar e álcool de São Paulo, que também está fazendo P&D com o projeto 5G.